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terça-feira, 30 de agosto de 2005

 

ATÉ FREI BETTO E CHICO BUARQUE

Título: ATÉ FREI BETO ...Data: 26 Aug 2005 21:23:34 -0300De: Grupo: atualidades.brasil.
Frei Betto: ditadura não desmoralizou a esquerda como o PT

01h53 - De Cláudia Lamego, para O Globo: "Sem citar nomes, Frei Betto, ex-assessor
e amigo do presidente Lula, classificou a crise política de tragédia grega
e criticou o núcleo de dirigentes petistas que a desencadearam e, em conseqüência,
desmoralizaram a esquerda no país. Ex-coordenador do Fome Zero, Frei Betto
disse ter deixado o governo, em dezembro de 2004, por discordar da política
econômica, mas frisou que, se tivesse tomado conhecimento dos fatos agora
divulgados pela imprensa, teria saído antes.
— A direita brasileira não conseguiu em décadas o que um pequeno núcleo
de dirigentes petistas conseguiu em poucos anos: desmoralizar a esquerda.
Nem na ditadura se conseguiu desmoralizar a esquerda. Nós, que passamos pela
prisão, saímos de cabeça erguida, porque a gente tem o santo orgulho de ter
lutado, enfrentado e ajudado a resgatar a democracia no país. Depois de trabalhar
junto aos movimentos populares para construir uma nova proposta ao país,
um pequeno grupo de dirigentes vem, atola pé e alma na corrupção, comprometendo
todo um projeto — afirmou Frei Betto, em entrevista durante a 11 Jornada
Nacional de Literatura, em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, onde anteontem
o cantor Chico Buarque também dera entrevista e dissera que a alma do país
está ferida por causa da crise política."

 

PT DE DUAS CARAS

DISCURSO DO PT : ANTES E DEPOIS DA POSSELeia até o final, pois vale à pena...ANTES E DEPOIS DA POSSE ANTES DA POSSENosso partido cumpre o que promete.Só os tolos podem crer quenão lutaremos contra a corrupção.Porque, se há algo certo para nós, é quea honestidade e a transparência são fundamentais. para alcançar nossos ideaisMostraremos que é grande estupidez crer queas máfias continuarão no governo, como sempre.Asseguramos sem dúvida quea justiça social será o alvo de nossa ação.Apesar disso, há idiotas que imaginam que se possa governar com as manchas da velha política.Quando assumirmos o poder, faremos tudo para quese termine com os marajás e as negociatas.Não permitiremos de nenhum modo quenossas crianças morram de fome. Cumpriremos nossos propósitos mesmo queos recursos econômicos do país se esgotem.Exerceremos o poder até queCompreendam queSomos a nova política.DEPOIS DA POSSEBasta ler o mesmo texto acima, DE BAIXO PARA CIMA!

sábado, 27 de agosto de 2005

 

A INDIGNAÇÃO DE FREI BETTO

A confissão não poderia ser mais procedente. Mais do que isso, genuina. Trata-se de um relato melancólico de Frei Betto, um intelectual de fama mundial, de inquestionável firmeza de caráter, ideológicamente indentificado com a esquerda internacional. No Brasil ele se notabilizou por ser "construtor do PT " e amigo do peito do Presidente Lula. Leia o artigo abaixo, como se estivesse ouvindo o próprio Frei Betto se pronunciar para José Dirceu, José Genuíno, Delúbio Soares e o próprio Presidente Lula, diante dos quadros mais importantes do PT e dos integrantes das três CPI's: "Mensalão, Correios e Comissão de Ética" e, não afaste o pensamento de que ainda, está sendo transmitido ao vivo, para todo país. Depois da leitura faça uma reflexão e sinta se é possível acreditar que o PT se reabilitará; que José Dirceu não perderá o mandato; que José Genuino, seus compassas e os Deputados envolvidos não sofrerão punições; que Lula não sofrerá impeachment e se os políticos portadores de mandatos eletivos, coniventes ou indiferentes a essa crise se reelegerão para um novo mandato.

E AGORA JOSÉ?
Esta de Frei Betto é arrazadora. Para ele "a festa acabou? Já não há mais PT? Não, José, de tudo isso fica uma grande lição: não é a direita que inviabiliza a esquerda. Esta tem sido vítima de sua própria incoerência, inclusive quando se elege por um programa de mudanças e adota uma política econômica de ajuste fiscal que trava o desenvolvimento, restringindo investimentos públicos e privados. A esquerda deu um tiro no pé na União Soviética, esfacelada sem que a Casa Branca lhe atirasse um único míssil. Faliu por conta da nomenklatura, das mordomias abusivas das autoridades, da arrogância do partido único, da corrupção. Assim foi na Nicarágua, onde líderes sandinistas se locupletaram com imóveis expropriados pela revolução e enriqueceram como por milagre. Agora, José, é a nossa confiança no PT que se vê abalada. O que há de verdade e mentira em tudo isso? Por que o partido não abre sua contabilidade na Internet? Se houve mensalões e malas de dinheiro, como ficam os pobres militantes e simpatizantes que, nas campanhas eleitorais, contribuíam com sacrifício do próprio bolso? Finda as investigações, o PT precisará vir a público e, de cabeça erguida, demonstrar que tudo não passou de "denuncismo", de"golpismo", de armação (ia escrever "dos inimigos") dos aliados... Ou, de cabeça baixa, em atitude humilde, reconhecer que houve sim malversação, improbidade, tráfico de influência e corrupção. O mais grave, José, é o desencanto que toda essa "tsulama" provoca na opinião pública, sobretudo nos mais jovens. Quando admitimos que "todos os partidos são farinha do mesmo saco", fazemos o jogo dos corruptos, pois quem tem nojo de política é governado por quem não tem. Se todos se enojarem, será o fim da democracia e da esperança de que no futuro predomine a política regida por fortes parâmetros éticos. Portanto, o desafio, hoje, não é apenas promover reformas estruturais no país, é reformar a própria política, de modo a vedar os buracos pelos quais a corrupção e o nepotismo se infiltram. Temo que por muitas cabeças passe a idéia de, nas eleições de 2006, anular o voto ou votar em branco. Seria um desastre. O voto é uma arma pacífica. Deve ser usada com acuidade e sabedoria. Em todo esse processo é preciso destacar os políticos que primam pela ética, pela coerência de princípios, pela visão de um novo Brasil, sem alarmantes desigualdades sociais. Antonio Callado, em sua última entrevista, por sinal à Folha, disse que perdera "todas as batalhas". Também experimentei, José, muitas perdas: a morte do Che, a derrota da guerrilha urbana contra a ditadura militar, a queda do Muro de Berlim e, agora, essa fratura no corpo do partido que ajudei a construir como simpatizante, e que se gabava de primar pela ética na política. No entanto, quantas vitórias! Sobre a França e os EUA no Vietnã; sobre os EUA e a ditadura de Batista em Cuba; a de Martin Luther King contra o racismo americano; de Nelson Mandela contra o apartheid na África do Sul. No Brasil, a extensa rede de movimentos populares, as Comunidades Eclesiais de Base, a CUT, o MST, a CPT, a CMP, a CMS; os movimentos de direitos humanos, mulheres, negros, indígenas; as ONGs, as empresas cônscias de sua responsabilidade social. E, sobretudo, a eleição de Lula à residência da República. Não se pode jogar no lixo da história todo esse patrimônio social e político. Sem confundir pessoas com instituições, maracutaias com projetos estratégicos, é hora de começar de novo, renovar a esperança e, sobretudo, não permitir que tudo fique como dantes no quartel de Abrantes. Aprendamos com Gandhi a fazer, hoje, a partir de nossa práticas pessoais e sociais, o mundo novo que sonhamos legar às gerações futuras. Deixemos ressoar no coração as palavras de Mario Quintana: "Se as coisas são inatingíveis... ora!/ Não é motivo para não querê-las.../ Que tristes os caminhos, se não fora/ A mágica presença das estrelas!"Frei Betto é escritor, autor de "Treze contos diabólicos e um angélico" (Planeta), entre outros livros.

terça-feira, 23 de agosto de 2005

 

A ENTREVISTA DE HERMANO ALMEIDA (revisada por Wilson Terroso)

Falhas de revisão de texto, ao meu ver, permitiram algumas dificuldades ao leitor para entender detalhes da Entrevista de Hermano Almeida. Ao trocar na matéria publicada a letra "B" de Burití, por "M", de Murití, a intenção do entrevistado que era dizer que findou no Palácio do Burití, em Brasilia, para transmitir mais tarde a sua convicção de que sabia de tudo mas não podia revelar, perdeu o sentido. A supressão do nome Terroso no parágrafo onde ele relata demorada conversa, a borda da piscina do Hotel Nacional, em Brasília, com uma jornalista e outro assim dizendo-se, juntamente com Manoel Galdêncio,Wilson Terroso e outros, deixa a entender que Wilson Braga estava presente naquela ocasião, quando não estava. A descrição sobre as obras de revitalização do Varadouro, levantamento e preparação da área para construção do Terminal Rodoviário, por alguma razão ficou com o texto confuso. Por isso, com todo repeito aos Jornalistas Nonato Guedes, Gonzaga Rodrigues, Martinho Moreira Franco e Goreth Zenaide, que deverão estar de posse da fita da entrevista gravada, pedimos vênia para fazer algumas colocações que, estando presente à entrevista e sendo também conhecedor dos fatos contados por Hermano Almeida, achamos que contribuirão para dissipar algumas imprecisões, que interessam a todos esclarece-las. Adiatamos que as nossas intervenções no texto original estão grifadas em negrito.

Hermano Almeida:
“Não deixei ninguém roubar”
Ex-prefeito de João Pessoa, há quase 30 anos, o empresário fala sobre as tramas políticas da época e diz como fazer uma boa administração
O empresário Hermano Almeida, que foi prefeito de João Pessoa há quase 30 anos, contou um pouco de sua experiência durante a administração municipal. Ele revela detalhes simples que podem ser o segredo de uma boa administração pública, como executar obras usando os próprios funcionários da prefeitura.
Hermano Almeida destaca que durante quatro anos de mandato não houve um super-secretário, porque todos eram iguais. Ele disse que era como um "maestro que conhece todos os músicos de uma orquestra" e quando alguém desafina, o ouvido impecável sabe onde está o erro.
O homem que deixou marcas em João Pessoa com a pavimentação de grandes avenidas como a João Machado, Maximiano Figueiredo, Epitácio Pessoa e outras em Cruz das Armas, Jaguaribe, Tambaú e Manaíra, além de melhorar o acesso ao bairro Altiplano Cabo Branco, tentou novamente a prefeitura da Capital, segundo ele, a convite de Wilson Braga, mas terminou sendo traído.
Para desenvolver o plano viário da Capital, Hermano foi audacioso. Pediu ajuda a Jaime Lerner, então prefeito de Curitiba, que deixou um projeto que não foi totalmente concluído por falta de tempo, como ele afirma na entrevista.
Além da administração muncipal, Hermano Almeida foi secretário de transporte de Tarcísio Burity. Ele foi também uma das testemunhas sobre a indicação de Burity, em vez de Antônio Mariz, para o governo da Paraíba e revela ainda que na sucessão de Ernesto Geisel, em vez de Figueiredo a terceira opção seria o general Reinaldo.


O senhor foi prefeito de João Pessoa há muito tempo, mas até hoje falam muito de sua administração. Como foi isso?

Simplesmente porque viemos para João Pessoa com a intenção de servi-la e não para ser servido. E procurei, depois de escolhido, organizar uma equipe que estaria de acordo com minhas decisões e um pessoal amigo. Tanto é que começamos com um grupo de secretários e terminei com eles, não substitui nenhum. E havia uma formação de família. Quando começamos a vencer as dificuldades do primeiro ano e passamos a realizar alguma coisa era comum no final do expediente todos comparecerem no gabinete para identificarmos quem tinha dificuldade para executar as obras. E perguntava se sicrano podia ajudar a beltrano e deixávamos tudo acertado para o dia seguinte. Eu sabia dos problemas, passava nas obras e assim solucionávamos. Não tivemos um super-secretário. Todos eram do mesmo nível. Porque fiz uma família, era um ajudando o outro. Todos os músicos de uma orquestra estão de acordo com o maestro, quando um desafina ele está sabendo e está tendo conhecimento que ele está fugindo do que está na pauta. De modo que, acredito que o chefão "não furtando", é difícil um auxiliar fazer o contrário.

Como se deu a sua escolha para prefeito de João Pessoa?

Foi no governo de Ivan Bichara. Olha tem uma particularidade. No governo de Ernani Sátiro fui convidado para ser prefeito da capital, mas estava me mudando de João Pessoa para Natal, porque trabalhava lá. Então decidi levar a família, porque a mulher disse: "Onde você tiver, tenho que acompanhar por causa dos meninos". Uma vez cheguei em casa, o meu filho mais novo, que hoje é casado e pai de família, disse ao abrir a porta para mim: "mamãe, o homem chegou", então ele não me conheceu. Ernani me convidou para ser prefeito antes de Dogival, depois soube que havia sido por recomendação de Oswaldo Trigueiro de Albuquerque Melo. E eu disse que não podia porque já havia feito a transferência dos meninos para o Rio Grande do Norte, minha firma estava em dificuldade lá. E assim, eu fiz e deu certo. Quando houve a escolha de Ivan Bichara para governador, ele me disse e me convidou para ser prefeito. Combinei com minha esposa e trouxe todo mundo chorando para João Pessoa, em 1975.

Houve influência ainda de José Américo, na sua escolha?

Não. Ele era meu amigo, me queria muito bem através de meu pai, que era sobrinho dele.

Houve resistência na classe política por sua indicação pelo fato do senhor ser um técnico?

Senti mais resistência em relação ao fato de acharem que eu não era paraibano. Como já estava em Natal há um tempo, diziam: "Com tanto paraibano aqui colocaram um do Rio Grande do Norte para ser prefeito". Depois fui a Assembléia debater com o pessoal, e tive um choque grande. Levaram-me para o plenário e pela primeira vez enfrentei uma massa, mas nunca tinha feito um discurso com as pessoas me inquirindo. Conhecia a cidade, porque nasci aqui na rua das Trincheiras. E achei gozado porque quando terminaram tudo o que queriam perguntar aí disseram: "O senhor pretende construir sanitário onde?"... (Risos.)

Como foi o relacionamento com a classe política quando o senhor era prefeito?

Nunca vi tanta tranqüilidade. Só havia briga quando era para eleição da mesa. Nunca enviei um projeto para não ser aprovado. E quem nos combateu muito foi Derivaldo Mendonça que inventou uma história. Porque nós começamos com um plano de trabalho muito vasto, tinha a questão da qualidade do serviço do meio fio de granito. Então passei a programar a coisa para o meio fio de concreto. E Derivaldo dizia que eu tinha uma fábrica de meio fio. Ele era acostumado com uma turma que comprava mosaico deles e colocavam nas obras deles mesmos, mas isso não é de agora, faz muito tempo. Mas, foi uma coisa muito fácil de desfazer. Eu disse que só era botarem olheiro nos postos fiscais para ver de onde vinha o material. Um detalhe que quero registrar é que a primeira concorrência que fizemos na Paraíba, disputaram três firmas. Lembro da FA Teixeira que foi a vencedora, tinha uma que fazia saneamento. A empresa vencedora fez uma obra em Manaíra de quatro lençóis freáticos para depois pensar na pavimentação. Fizemos um rebaixamento de lençol. E depois fizemos os setes lençóis.

Quando o Senhor entrou houve um plano geral?

Houve. Mas, o nosso primeiro ano foi de muito sacrifício. O município estava com uma dívida de quase um orçamento. Se não me engano era cerca de R$ 46 milhões. A receita era pequena. E o que mais me angustiou é que ficou material através de ofício. Uma das coisas que me tocou, é que tinha uma firma de uma pessoa que me disse que tinha um dinheiro para receber da prefeitura e que estava precisando, caso contrário iria à falência. Então mandei chamar Marivardo Toscano de Oliveira e pedi para ele ver como a gente poderia pagá-lo. E ele disse que a gente não podia pagar nada porque foi tudo comprado através de ofício (não tinham sido empenhadas). O camarada até chorou. E essas foram algumas dificuldades que tive. Uma vez passei um telegrama para Ernesto Geisel pedindo uma ajuda para João Pessoa, dizendo que o município estava em falência. E ele mandou R$ 24 milhões para pagar as dívidas e as obras. E eu soube administrar o dinheiro, porque pagamos o que devíamos e recomendei ao pessoal de compras para fazer tomada de preço só nas empresas que devíamos. E à medida que íamos comprando íamos pagando. Com o restante do dinheiro recuperamos ruas. Depois desse ínterim, com o pessoal do planejamento fomos elaborar projetos. Tivemos uma sorte de haver um desentendimento na prefeitura de Recife e importamos três técnicos de lá e mandei alguns daqui para fazer curso na Bahia. E quando começamos o ano estávamos com uma série de projetos engatilhados, fui para Brasília e comecei a negociar. E assim tivemos condições de começar a nossa atuação.


O Senhor sucedeu quem?

Antes teve Dorgival.

A imagem que a gente teve é que os dois primeiros anos da administração do Senhor foram de expectativa. E o Senhor deslanchou no terceiro ano?

Fui a Brasília e comecei a negociar os projetos já a partir do segundo ano. Sempre desejei o melhor. Então fui buscar Jaime Lerner lá no Paraná, que era o dono da bola, inclusive fez uma modificação em Curitiba que foi exemplo para todo mundo. Ele veio, estudou o plano viário juntamente com minha equipe. Ainda tem uma coisa dele que lembro muito e se tivesse demorado mais, teria feito. Porque Damásio não gostou muito. E quando chegou uma época que Jaime Lerner sugeriu fazer uma laje unindo o Ponto de Cem Réis para dar, justamente, condições ao Hotel e a Praça Vidal de Negreiro e ele não entendeu e não levou adiante o projeto. O Jaime Lerner fez o projeto orçado em R$ 80 mil para fazer a laje, usava aquele acesso que tem e usava o outro, inclusive, resolvendo o problema da Duque de Caxias. Agora, vi uma declaração do prefeito que me substituiu dizendo que eu queria aterrar a obra dele. Mas, não era nada disso, era uma obra até de Jaime Lerner.

O senhor tem em casa nos seus arquivos esse projeto de Jaime Lerner?

Digo uma coisa. Quando deixo um negócio, corto o cordão umbilical. Depois que sai da prefeitura só voltei porque me chamaram para assistir a posse de Itapuan Boto. Ele foi oficial de gabinete meu quando era do DER.

Há uma versão que o Senhor fez uma administração elitista, voltada para a praia?

Não considero isso. A minha primeira obra foi a dos corredores de transportes públicos. E quem usava era a massa. O povo reclamava que os ônibus passavam e quando um quebrava o outro não parava, porque existiam de sete a oito empresas individuais. Então consegui um financiamento para as empresas de ônibus com juros baixos, para formarem uma empresa com caixa único. Aí acabou com essa história de quando um ônibus quebrar a pessoa não ficar na rua. Cruz das Armas deu um trabalho muito grande para asfaltar, porque arrancaram os trilhos dos bondes e ficou tudo desordenado. Tivemos também de fazer galerias e desapropriar casas. Depois veio João da Mata, Trincheiras, Rodrigues de Aquino, João Machado, Maximiano Figueiredo, Monsenhor Walfredo, Odon Bezerra. A Epitácio Pessoa deu um trabalho tremendo, porque tinha um mercado (antigo Rich Center) que ficava empossando água. Damásio morava ali na rua Rio Grande do Sul e a água cobria tudo. Fizemos na Maranhão uma galeria e a iluminação não foi brincadeira porque fizemos a substituição dos fios para a fiação subterrânea na Epitácio.

Acho que essa impressão elitista foi por conta do projeto Cura, feito em Manaíra, que possibilitou a ocupação da área.

Eram dez mil lotes, só existiam três ocupados.

Agora se isso é uma marca positiva da sua administração, mas tem uma polêmica que foi a da Lagoa, quando o Senhor decidiu fechar o anel interno e à noite virou um antro.

Quando isso aconteceu eu não estava aqui. Estava no Rio. O que foi pior é que colocaram arame farpado. Mas, ali a vocação é ser isolado. Mais cedo ou mais tarde vão tirar os carros dali. Na época em que deixei a prefeitura fui para a secretaria de transporte, não que eu quisesse, porque sabia que não teria autonomia. Estava lá um certo dia e Oswaldo Trigueiro me liga aflito. Ele disse que estava com o pessoal da EBTU e fez um estudo de João Pessoa e caiu igual ao seu projeto. Ele disse "não posso fazer isso porque o povo vai dizer que um faz e o outro desmancha...", são palavras dele. Porque eu tinha feito, Damásio tinha desmanchado e estavam dizendo para ele fazer a mesma coisa. Era ampliar a rua, fechar a parte interna.Como nós fizemos. Em período de festa lá a gente apresentava a Nau Catarineta, o Boi Bumbá, a Lapinha. Ali no Cassino, perfurei um poço perto para diminuir a fedentina da Lagoa. Fiz também a ampliação da fonte e um tempo fazíamos a dança das águas. Isso tinha um objetivo, porque ela quando funcionava , corrigia um pouco a evaporação.

O destino da Lagoa é fechar o anel interno e ali ser transformado em parque?

Não tenha dúvida. Hoje ou amanhã vão fazer isso. Por que você proibir alguém de ir, sentar em baixo daquelas árvores, num banco? Deixar as crianças andar de bicicleta por ali? O automóvel não pode deixar a área interna e dar uma volta à mais pela parte externa? Outra coisa que vi no jornal é que aterraram a pista de skate que tinha ali. Então minha administração não foi elitista porque a gente deu condição a população dos bairros ter acesso aos seus trabalhos em menor tempo, em um transporte de melhor qualidade. Então é isso que digo, cuidamos primeiro dos transporte, atendendo primeiro a população mais carente e depois foi que viemos para a praia. Agora se tivesse vindo pavimentar logo para Tambaú aí ta certo, poderiam dizer que fiz uma administração elitista.

O senhor lembra de quantas favelas e bairros existiam naquela época?

Devia existir umas oito favelas, agora bairros tinham mais.

Agora na Zona Sul da Cidade, eram poucos bairros?

Tinha o Costa e Silva, Ernani Sátiro, mas não tinha Valentina nem Mangabeira. Lá naquele tempo era com Dr. Hermes Pessoa, que era construtor. Ele fez muito loteamento e tive alguns atritos com ele, porque ele queria comprar um terreno mais barato. O argumento dele era dizer que o terreno ia ser valorizado, porque o serviço público ia levar água, luz e energia. E isso criava um problema para a prefeitura.

O que o senhor deixou realizado que foi desmanchado pelos seus sucessores?

Não lembro muito. Mas sei que tiraram todas as placas das obras que fiz. Tem uma coisa que pouca gente sabe. Lá no Altiplano Cabo Branco foi construído duas mãos. Fizemos uma porque o trânsito era pequeno, mas a outra ficou com tudo pronto. Fui censurado dizendo que a gente tinha tido vantagem, dada pelo desembargador Arquimede Souto Maior. Porque quando vinha lá em cima, a gente ia passar com a avenida pela Granja da mãe dele. Então, ele chegou danado. E pensei: "Se a gente for fazer a desapropriação a gente não vai fazer nada porque ele vai prender o processo e termina o mandato". E ele combinou comigo que a gente quando chegasse na propriedade contornasse para evitar entrar na propriedade. Acho que agi certo porque ninguém mexeu até hoje.

Ivan Bichara foi traído na campanha ao senado em 1978?

Tenho impressão que ele não foi bem sucedido naquilo, mas isso é uma opinião minha. Aquela história de somar os votos dos candidatos nas sub legendas. Ivan tinha como candidato a vice Maurício Brasilino Leite. Então veio Brasilino e começou a enfeitar a disputa e em cima da hora renunciou. E saíram procurando quem tivesse a documentação propícia para fazer o registro. E encontraram Edísio Souto, que tinha atividade de banqueiro. A jogada foi essa, ocuparam a sub legenda da ARENA, que era então Presidida pelo Deputado Waldir dos Santos Lima e na hora desistiram. E ele teve que desistir.

E Dorgival não teve nenhuma participação nessa jogada?

Talvez ele tenha lavado as mãos. Outro fato notório é que quase às vésperas da eleição foi baixado pelo então prefeito Luiz Coutinho, um ato aumentando a cobrança da taxa dos comerciantes ambulantes.

O senhor foi secretário dos transportes no governo de Burity e de Wilson. O senhor não saiu bem quando deixou a secretaria de Burity?

Participei da administração de Burity um. Fui porque meus amigos da prefeitura insistiram que eu aceitasse para que eu fosse um elo e fui para o holocausto. Não sei se vocês têm conhecimento, mas comecei a me chocar com Burity em uma reunião que houve com todos os secretários logo no início. Ele disse que ia fazer a reunião para discutir os problemas e advertiu que ninguém falasse na hora em que ele estivesse falando. Mas, teve uma hora que não agüentei. Ele disse: "Encontrei um governo completamente comprometido. O governador nomeou umas cinco mil pessoas para o Estado". Aí eu não agüentei. Porque via a luta de Ivan (Bichara), porque não tinha ninguém da gente nomeado por ele. Aí disse que tinha assistido a campanha dele que dizia que tinha construído mil salas de aula. Mas, se a gente considerar duas professoras para cada sala por dois turnos, além das merendeiras, vigias e algumas pessoas que os amigos pedem. Então veja, que cinco mil pessoas não são muitas, para atender a esta demanda. E tem mais, o governador não nomeia, o governador referenda, porque o secretário é quem nomeia. E na época o secretário era ele (Buriti). Aí depois houve outro episódio gozado e foi festivo. O nosso amigo, Aluízio Pereira, de Princesa, foi o secretário escolhido da saúde. Ele disse que tinha encontrado a secretaria em desordem, que o gabinete fazia pena. Só que ele esqueceu que o vice era Dr. Clovis que tinha sido secretário, que por sinal estava na reunião. Dr. Clóvis se levantou e disse "Se meu gabinete era assim, era porque vivia viajando a Paraíba inteira a procura dos projetos que estávamos realizando. E eu pensava que o senhor viria apresentar novos projetos".

O senhor tentou voltar para prefeitura em 1988?

Eu não tentei... Aí foi o único caso que eu não me dei bem com Wilson Braga. Apesar da gente ter um certo afastamento na maneira de pensar, gosto dele. Mas, ele mandou me chamar e disse que queria que eu fosse candidato a prefeito de João Pessoa, porque ele dizia que eu tinha nome e queria ver o que Burity ia dizer. Ele dizia que tinha estrutura política e dinheiro. Aí fiquei com vergonha de dizer não. E peguei o poeta repentista,> Oliveira de Panelas,pusemos em um caminhão e fomos fazer campanha. Wilson se lançou para prefeito e deu uma declaração dizendo que eu ia retirar a candidatura declarando que eu iria apóia-lo, sem eu saber de nada. Agora, fui advertido por Oswaldo Trigueiro. Ele tinha me advertido na Câmara. Agora fui para o PTB. Seu Presidente, Hermano Sá vivia me chamando e nunca ia. Mas, quando aconteceu isso, disse que ia até o fim. Meu vice foi Luiz Monteiro. E vendo os caras na Lagoa distribuindo colchões pra o eleitorado e a gente num liseu danado, sem poder dar nada.

A título de registro histórico qual foi sua participação na escolha do Governador Tarcísio Burity?

As coisas depois de feitas, aparentam muito mais. Fomos a Brasília, acompanhando Ivan Bichara, porque ele foi credenciado pela Arena para conseguir a aprovação do nome de Milton Cabral. Então nos encontramos lá com Brasilino Leite, Teotônio Neto, Antônio Gomes, Wilson Braga, todos no Hotel Nacional. Lá fomos visitar o general Mangueira, fomos procurar o Francelino Pereira, presidente do partido, uma luta grande. Onde tinha uma pessoa de influência íamos falar. Mas não tinha jeito. O nome era Mariz. Um dia, porque a gente não estava querendo falar com o general Reinaldo - queríamos poupá-lo porque sabíamos que ele estava socado com a cúpula do governo. Eu acho que ele era um dos candidatos a presidente da República, na sucessão de Ernesto Geisel. Houve um desentendimento na cúpula do governo, principalmente, entre Geisel e general Frota, que era ministro do Exército. Então, os militares que tinham acesso as tropas, ficaram em Brasília, porque o Frota e o Ministro da Casa Militar, Hugo Abreu, chamava os caras todinhos dos comandos do interior e os membros ficavam pensando, quem era que tinha prestígio. O negócio chegou numa posição crítica, então Hugo Abreu, que tinha sido colega de toda escola, convenceu a Frota não ser candidato com o compromisso de Figueiredo não ser. E em terceiro caso seria o General Reinaldo. Isso era o que eu acreditava. Mas, Geisel terminou colocando Figueiredo. E Hugo Abreu pediu demissão e escreveu o livro "Do outro lado do poder"

Havia uma possibilidade do general Reinaldo ser o sucessor do presidente Ernesto Geisel?

Sempre houve. Ele estava na Paraíba quando ficou sabendo que Figueiredo foi escolhido.(na opinião de Hermano o General estaria na casa do pai aguardando o anúncio do nome dele, para Presidente )

O ministro José Américo e o general Reinaldo demonstraram inconformismo com o resultado?

O Reinaldo ficou na função dele. E o José Américo vivia meio fora desse detalhe.

Voltando a Burity...

Então não chegamos até o General Reinaldo para solicitar a interferência porque ele estava com suas mágoas. A barra era pesada. Então a gente, podendo evitar, não fui. A gente chegou um dia, inclusive, Wilson Braga, zangado com Ivan (Bichara) porque ele não ia falar com Reinaldo. Mariz já estava eleito porque não estava havendo interferência... Então, não agüentamos mais e fomos. Aí disse a Reinaldo que a gente sabia dos problemas dele, mas perguntamos se ele não poderia dar uma ajuda. E ele disse: "Não quero voltar a esse assunto porque meu pai está em Tambaú e está se interessando em escrever para jornais. E não quer se envolver em política, muito menos eu". Então saímos e baixamos a cabeça. Quando chegamos no Hotel chegou a notícia que estavam comemorando a vitória de Mariz. Ele teria sido escolhido e foram soltar um monte de bombas. E disse a Reinaldo que ele não queria que o pai dele se envolvesse na política, mas o negócio pesa diretamente em você. Ele disse depois que conversou com o pessoal: "Vocês indiquem outro candidato porque Milton Cabral não será nunca indicado por eles, porque Mariz entregou um dossiê muito violento sobre ele". Aí Ivan perguntou o que eu achava de Burity. "É um rapaz novo, filho de um amigo meu. Não é possível, que eu tirando ele de uma cátedra para colocar no Governo do Estado, ele venha me trair". Voltamos para Reinaldo e dissemos o nome de Burity.

Mas, notadamente José Américo opinou?

Só se Reinaldo consultou ele, mas não tenho conhecimento.

José Américo chamou o jornalista Severino Ramos e deu uma entrevista dizendo que Milton Cabral não sentaria na cadeira de Governador. Isto saiu nos jornais da Paraíba.

Sei que José Américo preferia Mariz a Milton Cabral, não tenho dúvida nenhuma.

Mas, você acha que o General ligou para ele?

Dizem que levei uma carta de José Américo... Então, saímos de lá certo de que Burity era o escolhido. E ele pediu silêncio absoluto. E saímos eu, Ivan, Milton Cabral e o chefe da casa civil de Brasília para visitar um parque que estava construindo. E a gente ao lado de Milton sabendo que não era ele e estava muito chateado, mas não podia falar porque estava sob voto de silêncio. E quando a gente chega no Hotel Nacional lá vem Wilson Braga, Brasilino e os deputados. Eles olharam para mim e disseram: "Rapaz estamos derrotados, Mariz está escolhido". Eu já estava certo que era Burity. Na entrevista de Waldir Santos um fato que ele contou não foi verdadeiro. Depois que esse povo se dispensou e chegou Cláudio de Paiva Leite, em nome de Golberi, propondo a Ivan para ele ser senador, Mariz governador do Estado e Ivan apresentava o vice. E Ivan disse: "Se eu quisesse ser senador eu teria aceito a proposta de Mariz, que tinha João Agripino, Ernani Sátiro. Mas, eu estou trazendo a bandeira do partido que me deu a incumbência de lutar por um candidato. E não tenho condições de fazer um acordo com vocês". Fiquei observando de longe.

O ministro era favorável a Mariz. Dr. Ivan, que tinha todas as atenções ao Ministro, preferia Milton?

Ivan Bichara não preferia Milton, ele levou uma decisão do partido. Na entrevista de Waldir, ele disse que foi Wilson Braga quem indicou, mas não foi.

Ivan Bichara, nesse momento, era preso a decisão do partido?

Ele ficou preso na decisão do partido. Ele disse logo que não veio discutir Senado, porque se quisesse isso, teria decidido na Paraíba mesmo. No dia que acendeu a luz para dizer quem era o escolhido, fui com Wilson Terroso meu Secretário de Gabinete, já tranqüilo, sentei na beira da piscina. E estávamos tomando um uísque e Manoel Galdêncio se aproxima com uma jornalista do Correio Brasiliense que tinha sido apresentada a mim por Milton Cabral. E começamos a conversar sobre besteira e chega um cidadão, dizendo que era jornalista dizendo que todos os governadores haviam sido escolhidos. E disse que na Paraíba teria sido Mariz o indicado. E eu contestei. Disse que achava que não tinha sido. E passei a dizer: "hoje passei o dia todo passeando no Parque Cereja e terminei Burity, que é o palácio de lá" (palácio do Governo do Distrito Federal). Mas, a ficha não caía. Terminou a noite e no outro dia, quando estou no elevador, estava no Correio Brasiliense, Mariz sentado em uma mesa assinando. E daqui a pouco veio o jornalista dizendo, "mas prefeito o senhor dizia o tempo todo que tinha passado o dia todo passeando no Parque Cereja e terminei Burity. E perdi a oportunidade de dar o furo, porque quando olhei a garrafa já estava terminando e não entendia".

O senhor disse que Burity traiu Ivan e depois traiu também o Amerissismo?

Não digo que ele traiu. Mas, que ele não foi 100% correto. A começar por esse dia que ele disse que encontrou o estado em péssimas condições, sabendo que Ivan o tinha apoiado. Ele era maquiavélico. As obras que Ivan deixou quase concluídas, ele levou mais de um ano para inaugurar. A estação rodoviária que deixamos quase pronta, só faltava um acesso. E como estava na secretaria de transporte dr. Eliseu Resende veio fazer uma visita. E perguntei porque não inaugurava. Aí Damásio disse que estava faltando construir um acesso. E ele disse que arranjava o dinheiro. E perguntou: "Quanto tempo você leva para terminar?". Ele disse que passaria seis meses, mas com dinheiro eram só trinta dias.

Dr. Ivan Bichara e Burity deixaram de se falar?

Não. Eu era que não dava muita bola para ele.

Alguma vez, naquela época da indicação de Milton Cabral, Burity, lhe sopraram no seu ouvido para ser governador?

Nunca fui cogitado, porque a gente não quis, eu como cunhado dele, a gente nem cogitou por causa do parentesco.

O senhor tem alguma decepção na vida pública e depois o que o senhor acha de João Pessoa hoje, na administração de Ricardo Coutinho e se acha que ele pode inovar alguma coisa em relação às sementes que o senhor plantou naquele tempo em que foi prefeito?

Não tenho nenhuma decepção em relação a minha atuação na vida pública. Foi muito boa, mas é pena que em quatro anos é pouco tempo para se realizar obras, principalmente, quando você pega a prefeitura com um ou dois anos sacrificados. Aí você pega a quantidade de projetos que deixamos. Que até agora ainda estão executando. A Lagoa, queria acabar aquela imagem do arame farpado, porque eu mesmo tive um choque quando cheguei. Outra atividade que tivemos e que lastimo muito ter acabado foi a Urban, que era administrada por José Dantas Carneiro, que estava com um sucesso muito grande. Já havíamos pavimentado muitas ruas e com um número grande de atendentes já recolhendo as parcelas. Tive uma habilidade de funcionar com a cabeça. Porque comprei equipamento de terraplanagem, que eram caminhões para lixo, moto niveladora, trator, fiz tudo. Então sabia que a prefeitura tinha que dar a contrapartida. Isso, já conversei, inclusive com Ricardo. Manaíra e esses acessos todos, a base toda, quem fez foi a prefeitura, que tinha engenheiro e tinha tudo. Resultado: aquilo correspondeu a contrapartida da prefeitura. E executamos todo o projeto da praia, usando esse artifício. A gente trabalhando, fazendo o serviço e pagando com o nosso trabalho. Por isso é que o dinheiro rendeu. Não deixei que ninguém roubasse, porque não dei exemplo. E utilizei o nosso pessoal para trabalhar e fazer um serviço bom, porque os nossos serviços eram para valer, não tinha essa história de "sonrisal".

A gente falou de Lagoa. Mas e o Mercado Central?

O Mercado Central a gente estava com ele, simultaneamente com a Lagoa. A Urban chegou a fazer um projeto que ficou em exposição no Ponto de Cem Réis, porque ali construindo um prédio no Mercado Central, como está no Terminal lá em baixo, porque construindo garagem, sala de dentista, de médico a pessoa que trabalha no comércio saltava do ônibus ali e ia com sua ficha, fazer tratamento de dente ou outra coisa e depois ia embora. Agora ali seria um grande estacionamento, além dessas coisas todas. E queríamos proibir o tráfego na Guedes Pereira, na Marciel Pinheiro, naquela área lá de baixo. Porque o camarada que fosse para lá, estacionava na Lagoa e pegava um ônibus executivo, não perdia tempo em estacionar.

E o que foi que faltou?

Tempo. Mas, repare como dá certo. Se não tivesse trânsito naquele anel, a pessoa iria para qualquer local sem se preocupar em estacionar.

O senhor tem alguma idéia, antiga ou nova, para evitar o esvaziamento do Varadouro?

Vi que o atual prefeito Ricardo Coutinho está fazendo uns investimentos lá, para colocar os ambulantes. Quando levamos o Terminal Rodoviário para ser localizado lá para baixo (no Varadouro) foi justamente para revitalizar aquela área. Agora a situação que existe na Cidade Baixa,era de completa desarrumação e pobreza.Fizemos um levantamento todo do que existia ali,de comércio misturado com favelas e com aquelas oficinas. E para a gente construir o terminal tivemos de indenizar vários imóveis, remover as oficinas para o Distrito Mecânico e preparar a área inclusive com drenagem , através de um tratamento especial de engenharia hidráulica, injetando estacas de areia para poder acomodar aquele manguezal que era ali.A acomodação do material era previsto no próprio projeto. E depois,quando estava na secretaria de Transportes do Estado, como seu titular disseram que a Rodoviária estava rachando. E por que vieram perguntar a mim, repara lá se tem meu nome na obra inaugura. A parte estrutural do Terminal nunca deu defeito, pois está implantada em solo firme,construido em três módulos, separados por juntas de dilatação, sobre estacas de concreto armado. O que vocês estão vendo é a acomodação prevista do manguesal (material turfoso) e na área do lado de fora colocamos os ladrilhos que não são cimentados justamente prevendo o abatimento, por causa do material orgânico em acomodação.. Então é só tirar os ladrilhos e recoloca-los, enquando durar a acomodação do terreno.

Aquele projeto da Rodoviária de quem é?

Não lembro de quem é.

O senhor conhece muito bem Natal, que entrou muito bem na rota do turismo, mas porque é que João Pessoa vem engatinhando e nunca dispara?

Sentimos duas coisas. È que o natalense teve a influência do americano na época da guerra. E lá há aquela liberalidade de construir obra de qualquer tamanho. Acho que esse número de três ou quatro andares é pequeno. Acho que deve ser feita uma disciplina entre o distanciamento entre um e outro. Agora vou esclarecer um negócio para vocês. Nunca levei carta de José Américo para Geisel nem para ninguém, nunca. Essa carta que atribuem a mim de ter levado, vi Ivan na máquina, no gabinete de Armando Falcão, que não teve mais tempo de ter acesso a cúpula porque estavam atarefados demais. Ivan escreveu e mandou por Armando Falcão para o grupo. É por isso que estão dizendo que fui eu, mas não levei nem carta nem currículo.

Quer dizer que a carta não foi de José Américo, foi de Ivan Bichara?

Foi Ivan que eu vi escrevendo.

Todo governante que chega no poder diz que recebe um abacaxi? Todo mundo é assim? O senhor deixou?

Não, porque deixei dinheiro em depósito. Eu estava na secretaria, quando Damásio foi tomar posse e foi à Câmara Municipal e disse que eu tinha deixado a prefeitura endividada. Eu disse que até a iluminação tinha pago dois dias antes de deixar. As dívidas do Projeto Cura seriam pagas com os juros dos imóveis do IPTU (pavimentos executados com a contrapartida dos contribuintes). . Estava tudo programado direito. Aí eu disse não, ele vai tomar posse e eu vou lá. Ele estava com um monte de papel e me deram a palavra. E aproveitei para dizer tudo, que não tinha deixado a prefeitura endividada. Disse que tinha deixado a folha em dia e todos os serviços pagos. Agora disse que a equipe dele estava levantando empenhos, mas isso não é dívida, é um documento que pode, inclusive, ser anulado. E disse que tinha dinheiro na Caixa Econômica Federal. E quando acabei de falar ele disse ao povo que iria pegar o dinheiro que deixei para aplicar em construção de casas, num discurso ingênuo, porque aplicar recurso específico de obras para outra coisa...

Para encerrar, como é que o Senhor acompanha o atual quadro nacional?

É uma tristeza. O que se pode esperar de uma república que se negocia o futuro dos pobres através de mensalão? Isso é altamente criminoso.

Entrevista concedida aos jornalistas: Nonato Guedes, Gonzaga Rodrigues, Agnaldo Almeida, Martinho Moreira Franco e Goreth Zenaid e publicada no Jornal O NORTE de 21 de agosto de 2005

 

NÃO LARGAM CÍCERO

Helder Moura, do Jornal Correio da Paraíba, pra não perder de vista as ações da PF contra o Ex-Prefeito Cícero Lucena, faz uma prospecção, a partir da sua recondução recente, como Presidente do PSDB da Paraíba. (Correio da Paraíba de 23/08/2004).
Pra ficar no ninho
A recondução do ex-prefeito Cícero Lucena na presidência do PSDB, com o aval do governador Cássio, pode ter vários desdobramentos. De cara, mostra que o governador parece decidido a permanecer no ninho tucano, diferente do que esposava, há alguns meses, quando quase se filiou ao PTB.

Cássio participou, ativamente, da definição do Diretório Estadual e até indicou o seu tio Ivandro Cunha Lima para vice-presidência. E se foi, de um lado, um gesto de lealdade de Cássio, ante a situação pela qual Cícero passa, neste momento, foi, de outro lado, uma aposta política muito arriscada.

Se o ex-prefeito Cícero for absolvido, no âmbito da Operação Confraria, a aposta terá sido correta. Mas, se houver uma condenação formal, a candidatura à reeleição do governador poderá ser contaminada. Além de seu principal aliado em João Pessoa, Cícero será presidente de sua legenda.

Está certo que seu tio Ivandro poderá assumir a legenda, a partir de uma renúncia de Cícero, caso isto se faça necessário. Mas, um afastamento nessas circunstâncias, certamente, poderá ser interpretado como traição ao ex-prefeito Cícero, em plena campanha, com efeitos eleitorais imprevisíveis.

Apesar de que, para alguns tucanos, a recondução de Cícero na presidência, antes de ser interpretado como um sinal de valorização, teria sido uma espécie de compensação pela iminente implosão de sua candidatura ao Senado. E este teria sido o principal signo da convenção do último domingo.

Candidato ao Senado
Caso vá disputar a reeleição, em 2006, o governador Cássio Cunha Lima poderá ter que escolher entre Carlos Dunga e Rômulo Gouveia, como seu candidato ao Senado. É o que se diz no ninho tucano.

Desistiu
Wilson Braga teria desistido de disputar o Senado, para concorrer a uma vaga na Câmara Federal. Mas, Lúcia ainda alimentaria o sonho da senatoria. Só que distante de PSDB e PFL.

De saída
São cada vez mais fortes rumores de que o deputado Wellington Roberto estaria com um pé fora do PL, após ser alijado da presidência estadual. Wellington não confirma. Nem nega.

Amizade
Circula, em Brasília, que o deputado Inaldo Leitão venceu a queda de braço contra Wellington, em função de sua amizade com Waldemar Costa Neto, aquele que renunciou ao mandato.

Não implantou
O sindicato dos servidores do Ipep distribui nota, denunciando que, apesar da juíza Flávia da Costa Lins ter mandando implantar benefício em seus salários, o Estado não implantou.

Supremo
Até ontem, o Ipep ainda não tinha se manifestado. Segundo o sindicato, a decisão foi do Supremo Tribunal Federal: "A quem mais apelar enquanto se resiste a tão vergonhoso impasse?"

Inativos
O TJ julga, nesta quarta, a ação da Associação dos Magistrados da Paraíba contra atrasos no pagamento dos proventos dos magistrados aposentados. Pode haver barulho no tribunal.

Sem licitação
O governo do Estado contratou, via Suplan, por R$ 125 mil (sem licitação) a empresa Escala para elaborar "projeto de estrutura metálica do viaduto de Campina", que teve a sua licitação suspensa.

Violência contra engenheiros
A blitz realizada pela Secretaria de Segurança, há poucos dias, no Cariri, pode não ter resolvido a questão da violência na região, mas foi muito eficiente em constranger os engenheiros Helano Joça e Pedro Medeiros (não o deputado) escalados para realizar estudos sobre a Transposição do São Francisco, nas proximidades de Monteiro. Mesmo tendo se identificado, os dois engenheiros foram fotografados e tratados como rispidez, como se fossem bandidos. A queixa foi levada pela empresa encarregada dos trabalhos ao vice-presidente Zé Alencar.

Não gostou
O deputado Trócolli Júnior não gostou de declarações do secretário Harrison Targino (Segurança) ao Correio Debate TV, de que "a oposição não tem seriedade" pra fazer críticas ao governo.

Enganosa
Revide de Trócolli: "Seriedade não tem quem avaliza uma propaganda enganosa sobre a insegurança reinante no Estado, e deixa os policiais sem condições para combater o bandido nas ruas".

Nomeações
Merece registro a decisão do governo do Estado de acabar com a nomeação de delegados comissionados. Até porque prevista em lei. Hoje, o governador Cássio deve nomear 53 concursados.

Na Curadoria
O secretário Reginaldo Tavares (Saúde) prometeu, ontem, renovar os contratos das cooperativas dos médicos, pra evitar a suspensão dos serviços nos hospitais de Traumas e Arlinda Marques.

Espetáculo para virar bicho
Contada por José Silvino ao site www.heraldtribuna.com.br. Há décadas, em Itaporanga, o pai do ex-secretário José Silvino, João Silvino da Fonseca, censurava, em tom de brincadeira, o irmão, também chamado José Silvino, por namorar garotas que tinham idade de ser suas netas.

Um certo dia, desembarcou em Itaporanga um circo que prometia exibir "o homem que virara peixe", e causou muito furor na cidade.

João Silvino, no entanto, não se impressionou. Olhando com sorriso maroto para o irmão, menosprezou o espetáculo: "Ora, que besteira! Aqui em Itaporanga mesmo tem gente que vira cachorro todo dia, e nem precisa dessa propaganda toda".

domingo, 21 de agosto de 2005

 

A HISTÓRICA ADMINISTRAÇÃO HERMANO ALMEIDA

Hermano Almeida:
“Não deixei ninguém roubar”
Ex-prefeito de João Pessoa, há quase 30 anos, o empresário fala sobre as tramas políticas da época e diz como fazer uma boa administração
O empresário Hermano Almeida, que foi prefeito de João Pessoa há quase 30 anos, contou um pouco de sua experiência durante a administração municipal. Ele revela detalhes simples que podem ser o segredo de uma boa administração pública, como executar obras usando os próprios funcionários da prefeitura.
Hermano Almeida destaca que durante quatro anos de mandato não houve um super-secretário, porque todos eram iguais. Ele disse que era como um "maestro que conhece todos os músicos de uma orquestra" e quando alguém desafina, o ouvido impecável sabe onde está o erro.
O homem que deixou marcas em João Pessoa com a pavimentação de grandes avenidas como a João Machado, Maximiano Figueiredo, Epitácio Pessoa e outras em Cruz das Armas, Jaguaribe, Tambaú e Manaíra, além de melhorar o acesso ao bairro Altiplano Cabo Branco, tentou novamente a prefeitura da Capital, segundo ele, a convite de Wilson Braga, mas terminou sendo traído.
Para desenvolver o plano viário da Capital, Hermano foi audacioso. Pediu ajuda a Jaime Lerner, então prefeito de Curitiba, que deixou um projeto que não foi totalmente concluído por falta de tempo, como ele afirma na entrevista.
Além da administração muncipal, Hermano Almeida foi secretário de transporte de Tarcísio Burity. Ele foi também uma das testemunhas sobre a indicação de Burity, em vez de Antônio Mariz, para o governo da Paraíba e revela ainda que na sucessão de Ernesto Geisel, em vez de Figueiredo a terceira opção seria o general Reinaldo.


O senhor foi prefeito de João Pessoa há muito tempo, mas até hoje falam muito de sua administração. Como foi isso?

Simplesmente porque viemos para João Pessoa com a intenção de servi-la e não para ser servido. E procurei, depois de escolhido, organizar uma equipe que estaria de acordo com minhas decisões e um pessoal amigo. Tanto é que começamos com um grupo de secretários e terminei com eles, não substitui nenhum. E havia uma formação de família. Quando começamos a vencer as dificuldades do primeiro ano e passamos a realizar alguma coisa era comum no final do expediente todos comparecerem no gabinete para identificarmos quem tinha dificuldade para executar as obras. E perguntava se sicrano podia ajudar a beltrano e deixávamos tudo acertado para o dia seguinte. Eu sabia dos problemas, passava nas obras e assim solucionávamos. Não tivemos um super-secretário. Todos eram do mesmo nível. Porque fiz uma família, era um ajudando o outro. Todos os músicos de uma orquestra estão de acordo com o maestro, quando um desafina ele está sabendo e está tendo conhecimento que ele está fugindo do que está na pauta. De modo que, acredito que o chefão "não furtando", é difícil um auxiliar fazer o contrário.

Como se deu a sua escolha para prefeito de João Pessoa?

Foi no governo de Ivan Bichara. Olha tem uma particularidade. No governo de Ernani Sátiro fui convidado para ser prefeito da capital, mas estava me mudando de João Pessoa para Natal, porque trabalhava lá. Então decidi levar a família, porque a mulher disse: "Onde você tiver, tenho que acompanhar por causa dos meninos". Uma vez cheguei em casa, o meu filho mais novo, que hoje é casado e pai de família, disse ao abrir a porta para mim: "mamãe, o homem chegou", então ele não me conheceu. Ernani me convidou para ser prefeito antes de Dogival, depois soube que havia sido por recomendação de Oswaldo Trigueiro de Albuquerque Melo. E eu disse que não podia porque já havia feito a transferência dos meninos para o Rio Grande do Norte, minha firma estava em dificuldade lá. E assim, eu fiz e deu certo. Quando houve a escolha de Ivan Bichara para governador, ele me disse e me convidou para ser prefeito. Combinei com minha esposa e trouxe todo mundo chorando para João Pessoa, em 1975.

Houve influência ainda de José Américo, na sua escolha?

Não. Ele era meu amigo, me queria muito bem através de meu pai, que era sobrinho dele.

Houve resistência na classe política por sua indicação pelo fato do senhor ser um técnico?

Senti mais resistência em relação ao fato de acharem que eu não era paraibano. Como já estava em Natal há um tempo, diziam: "Com tanto paraibano aqui colocaram um do Rio Grande do Norte para ser prefeito". Depois fui a Assembléia debater com o pessoal, e tive um choque grande. Levaram-me para o plenário e pela primeira vez enfrentei uma massa, mas nunca tinha feito um discurso com as pessoas me inquirindo. Conhecia a cidade, porque nasci aqui na rua das Trincheiras. E achei gozado porque quando terminaram tudo o que queriam perguntar aí disseram: "O senhor pretende construir sanitário onde?"... (Risos.)

Como foi o relacionamento com a classe política quando o senhor era prefeito?

Nunca vi tanta tranqüilidade. Só havia briga quando era para eleição da mesa. Nunca enviei um projeto para não ser aprovado. E quem nos combateu muito foi Derivaldo Mendonça que inventou uma história. Porque nós começamos com um plano de trabalho muito vasto, tinha a questão da qualidade do serviço do meio fio de granito. Então passei a programar a coisa para o meio fio de concreto. E Derivaldo dizia que eu tinha uma fábrica de meio fio. Ele era acostumado com uma turma que comprava mosaico deles e colocavam nas obras deles mesmos, mas isso não é de agora, faz muito tempo. Mas, foi uma coisa muito fácil de desfazer. Eu disse que só era botarem olheiro nos postos fiscais para ver de onde vinha o material. Um detalhe que quero registrar é que a primeira concorrência que fizemos na Paraíba, disputaram três firmas. Lembro da FA Teixeira que foi a vencedora, tinha uma que fazia saneamento. A empresa vencedora fez uma obra em Manaíra de quatro lençóis freáticos para depois pensar na pavimentação. Fizemos um rebaixamento de lençol. E depois fizemos os setes lençóis.

Quando o Senhor entrou houve um plano geral?

Houve. Mas, o nosso primeiro ano foi de muito sacrifício. O município estava com uma dívida de quase um orçamento. Se não me engano era cerca de R$ 46 milhões. A receita era pequena. E o que mais me angustiou é que ficou material através de ofício. Uma das coisas que me tocou, é que tinha uma firma de uma pessoa que me disse que tinha um dinheiro para receber da prefeitura e que estava precisando, caso contrário iria à falência. Então mandei chamar Marivardo Toscano de Oliveira e pedi para ele ver como a gente poderia pagá-lo. E ele disse que a gente não podia pagar nada porque foi tudo comprado através de ofício. O camarada até chorou. E essas foram algumas dificuldades que tive. Uma vez passei um telegrama para Ernesto Geisel pedindo uma ajuda para João Pessoa, dizendo que o município estava em falência. E ele mandou R$ 24 milhões para pagar as dívidas e as obras. E eu soube administrar o dinheiro, porque pagamos o que devíamos e recomendei ao pessoal de compras para fazer tomada de preço só nas empresas que devíamos. E à medida que íamos comprando íamos pagando. Com o restante do dinheiro recuperamos ruas. Depois desse ínterim, com o pessoal do planejamento fomos elaborar projetos. Tivemos uma sorte de haver um desentendimento na prefeitura de Recife e importamos três técnicos de lá e mandei alguns daqui para fazer curso na Bahia. E quando começamos o ano estávamos com uma série de projetos engatilhados, fui para Brasília e comecei a negociar. E assim tivemos condições de começar a nossa atuação.


O Senhor sucedeu quem?

Antes teve Dorgival.

A imagem que a gente teve é que os dois primeiros anos da administração do Senhor foram de expectativa. E o Senhor deslanchou no terceiro ano?

Fui a Brasília e comecei a negociar os projetos já a partir do segundo ano. Sempre desejei o melhor. Então fui buscar Jaime Lerner lá no Paraná, que era o dono da bola, inclusive fez uma modificação em Curitiba que foi exemplo para todo mundo. Ele veio, estudou o plano viário juntamente com minha equipe. Ainda tem uma coisa dele que lembro muito e se tivesse demorado mais, teria feito. Porque Damásio não gostou muito. E quando chegou uma época que Jaime Lerner sugeriu fazer uma laje unindo o Ponto de Cem Réis para dar, justamente, condições ao Hotel e a Praça Vidal de Negreiro e ele não entendeu e não levou adiante o projeto. O Jaime Lerner fez o projeto orçado em R$ 80 mil para fazer a laje, usava aquele acesso que tem e usava o outro, inclusive, resolvendo o problema da Duque de Caxias. Agora, vi uma declaração do prefeito que me substituiu dizendo que eu queria aterrar a obra dele. Mas, não era nada disso, era uma obra até de Jaime Lerner.

O senhor tem em casa nos seus arquivos esse projeto de Jaime Lerner?

Digo uma coisa. Quando deixo um negócio, corto o cordão umbilical. Depois que sai da prefeitura só voltei porque me chamaram para assistir a posse de Itapuan Boto. Ele foi oficial de gabinete meu quando era do DER.

Há uma versão que o Senhor fez uma administração elitista, voltada para a praia?

Não considero isso. A minha primeira obra foi a dos corredores de transportes públicos. E quem usava era a massa. O povo reclamava que os ônibus passavam e quando um quebrava o outro não parava, porque existiam de sete a oito empresas individuais. Então consegui um financiamento para as empresas de ônibus com juros baixos, para formarem uma empresa com caixa único. Aí acabou com essa história de quando um ônibus quebrar a pessoa não ficar na rua. Cruz das Armas deu um trabalho muito grande para asfaltar, porque arrancaram os trilhos dos bondes e ficou tudo desordenado. Tivemos também de fazer galerias e desapropriar casas. Depois veio João da Mata, Trincheiras, Rodrigues de Aquino, João Machado, Maximiano Figueiredo, Monsenhor Walfredo, Odon Bezerra. A Epitácio Pessoa deu um trabalho tremendo, porque tinha um mercado (antigo Rich Center) que ficava empossando água. Damásio morava ali na rua Rio Grande do Sul e a água cobria tudo. Fizemos na Maranhão uma galeria e a iluminação não foi brincadeira porque fizemos a substituição dos fios para a fiação subterrânea na Epitácio.

Acho que essa impressão elitista foi por conta do projeto Cura, feito em Manaíra, que possibilitou a ocupação da área.

Eram dez mil lotes, só existiam três ocupados.

Agora se isso é uma marca positiva da sua administração, mas tem uma polêmica que foi a da Lagoa, quando o Senhor decidiu fechar o anel interno e à noite virou um antro.

Quando isso aconteceu eu não estava aqui. Estava no Rio. O que foi pior é que colocaram arame farpado. Mas, ali a vocação é ser isolado. Mais cedo ou mais tarde vão tirar os carros dali. Na época em que deixei a prefeitura fui para a secretaria de transporte, não que eu quisesse, porque sabia que não teria autonomia. Estava lá um certo dia e Oswaldo Trigueiro me liga aflito. Ele disse que estava com o pessoal da BTU e fez um estudo de João Pessoa e caiu igual ao seu projeto. Ele disse "não posso fazer isso porque o povo vai dizer que um faz e o outro desmancha...", são palavras dele. Porque eu tinha feito, Damásio tinha desmanchado e estavam dizendo para ele fazer a mesma coisa. Era ampliar a rua, fechar a parte interna.Como nós fizemos. Em período de festa lá a gente apresentava a Nau Catarineta, o Boi Bumbá, a Lapinha. Ali no Cassino, perfurei um poço perto para diminuir a fedentina da Lagoa. Fiz também a ampliação da fonte e um tempo fazíamos a dança das águas. Isso tinha um objetivo, porque ela quando funcionava , corrigia um pouco a evaporação.

O destino da Lagoa é fechar o anel interno e ali ser transformado em parque?

Não tenha dúvida. Hoje ou amanhã vão fazer isso. Por que você proibir alguém de ir, sentar em baixo daquelas árvores, num banco? Deixar as crianças andar de bicicleta por ali? O automóvel não pode deixar a área interna e dar uma volta à mais pela parte externa? Outra coisa que vi no jornal é que aterraram a pista de skate que tinha ali. Então minha administração não foi elitista porque a gente deu condição a população dos bairros ter acesso aos seus trabalhos em menor tempo, em um transporte de melhor qualidade. Então é isso que digo, cuidamos primeiro dos transporte, atendendo primeiro a população mais carente e depois foi que viemos para a praia. Agora se tivesse vindo pavimentar logo para Tambaú aí ta certo, poderiam dizer que fiz uma administração elitista.

O senhor lembra de quantas favelas e bairros existiam naquela época?

Devia existir umas oito favelas, agora bairros tinham mais.

Agora na Zona Sul da Cidade, eram poucos bairros?

Tinha o Costa e Silva, Ernani Sátiro, mas não tinha Valentina nem Mangabeira. Lá naquele tempo era com Dr. Hermes Pessoa, que era construtor. Ele fez muito loteamento e tive alguns atritos com ele, porque ele queria comprar um terreno mais barato. O argumento dele era dizer que o terreno ia ser valorizado, porque o serviço público ia levar água, luz e energia. E isso criava um problema para a prefeitura.

O que o senhor deixou realizado que foi desmanchado pelos seus sucessores?

Não lembro muito. Mas sei que tiraram todas as placas das obras que fiz. Tem uma coisa que pouca gente sabe. Lá no Altiplano Cabo Branco foi construído duas mãos. Fizemos uma porque o trânsito era pequeno, mas a outra ficou com tudo pronto. Fui censurado dizendo que a gente tinha tido vantagem, dada pelo desembargador Arquimede Souto Maior. Porque quando vinha lá em cima, a gente ia passar pela mãe dele. Então, ele chegou danado. E pensei: "Se a gente for fazer a desapropriação a gente não vai fazer nada porque ele vai prender o processo e termina o mandato". E ele combinou comigo que a gente quando chegasse na propriedade contornasse para evitar entrar na propriedade. Acho que agi certo porque ninguém mexeu até hoje.

Ivan Bichara foi traído na campanha ao senado em 1978?

Tenho impressão que ele não foi bem sucedido naquilo, mas isso é uma opinião minha. Aquela história de somar os votos dos candidatos nas sub legendas. Ivan tinha como candidato a vice Maurício Brasilino Leite. Então veio Brasilino e começou a enfeitar a disputa e em cima da hora renunciou. E saíram procurando quem tivesse a documentação propícia para fazer o registro. E encontraram Edísio, que tinha atividade de banqueiro. A jogada foi essa, ocuparam a sub legenda e na hora desistiram. E ele teve que desistir.

E Dorgival não teve nenhuma participação nessa jogada?

Talvez ele tenha lavado as mãos. Outro fato notório é que quase às vésperas da eleição foi baixado pelos Coutinho uma cobrança do ambulante.

O senhor foi secretário dos transportes no governo de Burity e de Wilson. O senhor não saiu bem quando deixou a secretaria de Burity?

Participei da administração de Burity um. Fui porque meus amigos da prefeitura insistiram que eu aceitasse para que eu fosse um elo e fui para o holocausto. Não sei se vocês têm conhecimento, mas comecei a me chocar com Burity em uma reunião que houve com todos os secretários logo no início. Ele disse que ia fazer a reunião para discutir os problemas e advertiu que ninguém falasse na hora em que ele estivesse falando. Mas, teve uma hora que não agüentei. Ele disse: "Encontrei um governo completamente comprometido. O governador nomeou umas cinco mil pessoas para o Estado". Aí eu não agüentei. Porque via a luta de Ivan (Bichara), porque não tinha ninguém da gente nomeado por ele. Aí disse que tinha assistido a campanha dele que dizia que tinha construído mil salas de aula. Mas, se a gente considerar duas professoras para cada sala por dois turnos, além das merendeiras, vigias e algumas pessoas que os amigos pedem. Então veja, que cinco mil pessoas não são muitas. E tem mais, o governador não nomeia, o governador referenda, porque o secretário é quem nomeia. E na época o secretário era ele. Aí depois houve outro episódio gozado e foi festivo. O nosso amigo, Aluízio Pereira, de Princesa, foi o secretário escolhido da saúde. Ele disse que tinha encontrado a secretaria em desordem, que o gabinete fazia pena. Só que ele esqueceu que o vice era Dr. Clovis que tinha sido secretário, que por sinal estava na reunião. Dr. Clóvis se levantou e disse "Se meu gabinete era assim, era porque vivia viajando a Paraíba inteira a procura dos projetos que estávamos realizando. E eu pensava que o senhor viria apresentar novos projetos".

O senhor tentou voltar para prefeitura em 1988?

Eu não tentei... Aí foi o único caso que eu não me dei bem com Wilson Braga. Apesar da gente ter um certo afastamento na maneira de pensar, gosto dele. Mas, ele mandou me chamar e disse que queria que eu fosse candidato a prefeito de João Pessoa, porque ele dizia que eu tinha nome e queria ver o que Burity ia dizer. Ele dizia que tinha estrutura política e dinheiro. Aí fiquei com vergonha de dizer não. E peguei Oliveira de Panelas, em um caminhão e fomos fazer campanha. Wilson se lançou para prefeito e deu uma declaração dizendo que eu ia retirar a candidatura declarando que eu iria apóia-lo, sem eu saber de nada. Agora, fui advertido por Oswaldo Trigueiro. Ele tinha me advertido na Câmara. Agora fui para o PTB. Hermano Sá vivia me chamando e nunca ia. Mas, quando aconteceu isso, disse que ia até o fim. Meu vice foi Luiz Monteiro. E vendo os caras na Lagoa distribuindo colchão e a gente num liseu danado.

A título de registro histórico qual foi sua participação na escolha do Governador Tarcísio Burity?

As coisas depois de feitas, aparentam muito mais. Fomos a Brasília, acompanhando Ivan Bichara, porque ele foi credenciado pela Arena para conseguir a aprovação do nome de Milton Cabral. Então nos encontramos lá com Brasilino Leite, Teotônio Neto, Antônio Gomes, Wilson Braga, todos no Hotel Nacional. Lá fomos visitar o general Mangueira, fomos procurar o Francelino Pereira, presidente do partido, uma luta grande. Onde tinha uma pessoa de influência íamos falar. Mas não tinha jeito. O nome era Mariz. Um dia, porque a gente não estava querendo falar com o general Reinaldo - queríamos poupá-lo porque sabíamos que ele estava socado com a cúpula do governo. Eu acho que ele era um dos candidatos a presidente da República, na sucessão de Ernesto Geisel. Houve um desentendimento na cúpula do governo, principalmente, entre Geisel e general Frota, que era ministro do Exército. Então, os militares que tinham acesso as tropas, ficaram em Brasília, porque o Frota e o Ministro da Casa Militar, Hugo Abreu, chamava os caras todinhos dos comandos do interior e os membros ficavam pensando, quem era que tinha prestígio. O negócio chegou numa posição crítica, então Hugo Abreu, que tinha sido colega de toda escola, convenceu a Frota não ser candidato com o compromisso de Figueiredo não ser. E em terceiro caso seria o General Reinaldo. Isso era o que eu acreditava. Mas, Geisel terminou colocando Figueiredo. E Hugo Abreu pediu demissão e escreveu o livro "Do outro lado do poder"

Havia uma possibilidade do general Reinaldo ser o sucessor do presidente Ernesto Geisel?

Sempre houve. Ele estava na Paraíba quando ficou sabendo que Figueiredo foi escolhido.

O ministro José Américo e o general Reinaldo demonstraram inconformismo com o resultado?

O Reinaldo ficou na função dele. E o José Américo vivia meio fora desse detalhe.

Voltando a Burity...

Então não chegamos até o General Reinaldo para solicitar a interferência porque ele estava com suas mágoas. A barra era pesada. Então a gente, podendo evitar, não fui. A gente chegou um dia, inclusive, Wilson Braga, zangado com Ivan (Bichara) porque ele não ia falar com Reinaldo. Mariz já estava eleito porque não estava havendo interferência... Então, não agüentamos mais e fomos. Aí disse a Reinaldo que a gente sabia dos problemas dele, mas perguntamos se ele não poderia dar uma ajuda. E ele disse: "Não quero voltar a esse assunto porque meu pai está em Tambaú e está se interessando em escrever para jornais. E não quer se envolver em política, muito menos eu". Então saímos e baixamos a cabeça. Quando chegamos no Hotel chegou a notícia que estavam comemorando a vitória de Mariz. Ele teria sido escolhido e foram soltar um monte de bombas. E disse a Reinaldo que ele não queria que o pai dele se envolvesse na política, mas o negócio pesa diretamente em você. Ele disse depois que conversou com o pessoal: "Vocês indiquem outro candidato porque Milton Cabral não será nunca indicado por eles, porque Mariz entregou um dossiê muito violento sobre ele". Aí Ivan perguntou o que eu achava de Burity. "É um rapaz novo, filho de um amigo meu. Não é possível, que eu tirando ele de uma cátedra para colocar no Governo do Estado, ele venha me trair". Voltamos para Reinaldo e dissemos o nome de Burity.

Mas, notadamente José Américo opinou?

Só se Reinaldo consultou ele, mas não tenho conhecimento.

José Américo chamou o jornalista Severino Ramos e deu uma entrevista dizendo que Milton Cabral não sentaria na cadeira de Governador. Isto saiu nos jornais da Paraíba.

Sei que José Américo preferia Mariz a Milton Cabral, não tenho dúvida nenhuma.

Mas, você acha que o General ligou para ele?

Dizem que levei uma carta de José Américo... Então, saímos de lá certo de que Burity era o escolhido. E ele pediu silêncio absoluto. E saímos eu, Ivan, Milton Cabral e o chefe da casa civil de Brasília para visitar um parque que estava construindo. E a gente ao lado de Milton sabendo que não era ele e estava muito chateado, mas não podia falar porque estava sob voto de silêncio. E quando a gente chega no Hotel Nacional lá vem Wilson Braga, Brasilino e os deputados. Eles olharam para mim e disseram: "Rapaz estamos derrotados, Mariz está escolhido". Eu já estava certo que era Burity. Na entrevista de Waldir Santos um fato que ele contou não foi verdadeiro. Depois que esse povo se dispensou e chegou Cláudio de Paiva Leite, em nome de Golberi, propondo a Ivan para ele ser senador, Mariz governador do Estado e Ivan apresentava o vice. E Ivan disse: "Se eu quisesse ser senador eu teria aceito a proposta de Mariz, que tinha João Agripino, Ernani Sátiro. Mas, eu estou trazendo a bandeira do partido que me deu a incumbência de lutar por um candidato. E não tenho condições de fazer um acordo com vocês". Fiquei observando de longe.

O ministro era favorável a Mariz. Dr. Ivan, que tinha todas as atenções ao Ministro, preferia Milton?

Ivan Bichara não preferia Milton, ele levou uma decisão do partido. Na entrevista de Waldir, ele disse que foi Wilson quem indicou, mas não foi.

Ivan Bichara, nesse momento, era preso a decisão do partido?

Ele ficou preso na decisão do partido. Ele disse logo que não veio discutir Senado, porque se quisesse isso, teria decidido na Paraíba mesmo. No dia que acendeu a luz para dizer quem era o escolhido, fui com Wilson Terroso meu Secretário de Gabinete, já tranqüilo, sentei na beira da piscina. E estávamos tomando um uísque e Manoel Galdêncio se aproxima com uma jornalista do Correio Brasiliense que tinha sido apresentada a mim por Milton Cabral. E começamos a conversar sobre besteira e chega um cidadão, dizendo que era jornalista dizendo que todos os governadores haviam sido escolhidos. E disse que na Paraíba teria sido Mariz. E eu contestei. Disse que achava que não tinha sido. E passei a dizer: "hoje passei o dia todo passeando no Parque Cereja e terminei Burity, que é o palácio de lá". Mas, a ficha não caía. Terminou a noite e no outro dia, quando estou no elevador, estava no Correio Brasiliense, Mariz sentado em uma mesa assinando. E daqui a pouco veio o jornalista dizendo, "mas prefeito o senhor dizia o tempo todo que tinha passado o dia todo passeando no Parque Cereja e terminei Burity. E perdi a oportunidade de dar o furo, porque quando olhei a garrafa já estava terminando e não entendia".

O senhor disse que Burity traiu Ivan e depois traiu também o Amerissismo?

Não digo que ele traiu. Mas, que ele não foi 100% correto. A começar por esse dia que ele disse que encontrou o estado em péssimas condições, sabendo que Ivan o tinha apoiado. Ele era maquiavélico. As obras que Ivan deixou quase concluídas, ele levou mais de um ano para inaugurar. A estação rodoviária que deixamos quase pronta, só faltava um acesso. E como estava na secretaria de transporte dr. Eliseu Resende veio fazer uma visita. E perguntei porque não inaugurava. Aí Damásio disse que estava faltando construir um acesso. E ele disse que arranjava o dinheiro. E perguntou: "Quanto tempo você leva para terminar?". Ele disse que passaria seis meses, mas com dinheiro eram só trinta dias.

Dr. Ivan Bichara e Burity deixaram de se falar?

Não. Eu era que não dava muita bola para ele.

Alguma vez, naquela época da indicação de Milton Cabral, Burity, lhe sopraram no seu ouvido para ser governador?

Nunca fui cogitado, porque a gente não quis, eu como cunhado dele, a gente nem cogitou por causa do parentesco.

O senhor tem alguma decepção na vida pública e depois o que o senhor acha de João Pessoa hoje, na administração de Ricardo Coutinho e se acha que ele pode inovar alguma coisa em relação às sementes que o senhor plantou naquele tempo em que foi prefeito?

Não tenho nenhuma decepção em relação a minha atuação na vida pública. Foi muito boa, mas é pena que em quatro anos é pouco tempo para se realizar obras, principalmente, quando você pega a prefeitura com um ou dois anos sacrificados. Aí você pega a quantidade de projetos que deixamos. Que até agora ainda estão executando. A Lagoa, queria acabar aquela imagem do arame farpado, porque eu mesmo tive um choque quando cheguei. Outra atividade que tivemos e que lastimo muito ter acabado foi a Urban, que era administrada por José Dantas Carneiro, que estava com um sucesso muito grande. Já havíamos pavimentado muitas ruas e com um número grande de atendentes já recolhendo as parcelas. Tive uma habilidade de funcionar com a cabeça. Porque comprei equipamento de terraplanagem, que eram caminhões para lixo, moto niveladora, trator, fiz tudo. Então sabia que a prefeitura tinha que dar a contrapartida. Isso, já conversei, inclusive com Ricardo. Manaíra e esses acessos todos, a base toda, quem fez foi a prefeitura, que tinha engenheiro e tinha tudo. Resultado: aquilo correspondeu a contrapartida da prefeitura. E executamos todo o projeto da praia, usando esse artifício. A gente trabalhando, fazendo o serviço e pagando com o nosso trabalho. Por isso é que o dinheiro rendeu. Não deixei que ninguém roubasse, porque não dei exemplo. E utilizei o nosso pessoal para trabalhar e fazer um serviço bom, porque os nossos serviços eram para valer, não tinha essa história de "sonrisal".

A gente falou de Lagoa. Mas e o Mercado Central?

O Mercado Central a gente estava com ele, simultaneamente com a Lagoa. A Urban chegou a fazer um projeto que ficou em exposição no Ponto de Cem Réis, porque ali construindo um prédio no Mercado Central, como está no Terminal lá em baixo, porque construindo garagem, sala de dentista, de médico a pessoa que trabalha no comércio saltava do ônibus ali e ia com sua ficha, fazer tratamento de dente ou outra coisa e depois ia embora. Agora ali seria um grande estacionamento, além dessas coisas todas. E queríamos proibir o tráfego na Guedes Pereira, na Marciel Pinheiro, naquela área lá de baixo. Porque o camarada que fosse para lá, estacionava na Lagoa e pegava um ônibus executivo, não perdia tempo em estacionar.

E o que foi que faltou?

Tempo. Mas, repare como dá certo. Se não tivesse trânsito naquele anel, a pessoa iria para qualquer local sem se preocupar em estacionar.

O senhor tem alguma idéia, antiga ou nova, para evitar o esvaziamento do Varadouro?

Vi que ele está fazendo uns investimentos lá para colocar os ambulantes. Quando levamos o Terminal Rodoviário lá para baixo foi justamente para revitalizar aquela área. Agora a situação que existe na Cidade Baixa, fizemos um levantamento todo ali, com aquelas oficinas. E para a gente construir a Lagoa tivemos que colocar centenas de sacas de areia para justamente fazer a drenagem para poder acomodar aquele manguezal que era ali. E quando estava na secretaria disseram que a Rodoviária estava rachando. E por que vieram perguntar a mim, repara lá se tem meu nome. O que vocês estão vendo é porque foram feitos três módulos, então tem a junta dilatação e no lado de fora colocamos os ladrilhos que não são cimentados justamente prevendo o abatimento, porque ali é matéria orgânica. Então é só tirar os ladrilhos e recoloca-los.

Aquele projeto da Rodoviária de quem é?

Não lembro de quem é.

O senhor conhece muito bem Natal, que entrou muito bem na rota do turismo, mas porque é que João Pessoa vem engatinhando e nunca dispara?

Sentimos duas coisas. È que o natalense teve a influência do americano na época da guerra. E lá há aquela liberalidade de construir obra de qualquer tamanho. Acho que esse número de três ou quatro andares é pequeno. Acho que deve ser feita uma disciplina entre o distanciamento entre um e outro. Agora vou esclarecer um negócio para vocês. Nunca levei carta de José Américo para Geisel nem para ninguém, nunca. Essa carta que atribuem a mim de ter levado, vi Ivan na máquina, no gabinete de Armando Falcão, e não teve mais tempo de ter acesso a cúpula porque estavam atarefados demais. Ivan escreveu e mandou por Armando Falcão para o grupo. É por isso que estão dizendo que fui eu, mas não levei nem carta nem currículo.

Quer dizer que a carta não foi de José Américo, foi de Ivan Bichara?

Foi Ivan que eu vi escrevendo.

Todo governante que chega no poder diz que recebe um abacaxi? Todo mundo é assim? O senhor deixou?

Não, porque deixei dinheiro em depósito. Eu estava na secretaria, quando Damásio foi tomar posse e foi à Câmara Municipal e disse que eu tinha deixado a prefeitura endividada. Eu disse que até a iluminação tinha pago dois dias antes. As dívidas do Projeto Cura seriam pagas com os juros dos imóveis do IPTU. Estava tudo programado direito. Aí eu disse não, ele vai tomar posse e eu vou lá. Ele estava com um monte de papel e me deram a palavra. E aproveitei para dizer tudo, que não tinha deixado a prefeitura endividada. Disse que tinha deixado a folha em dia e todos os serviços pagos. Agora disse que a equipe dele estava levantando empenhos, mas isso não é dívida, é um documento que pode, inclusive, ser anulado. E disse que tinha dinheiro na Caixa Econômica Federal. E quando acabei de falar ele disse ao povo que iria pegar o dinheiro que deixei para aplicar em construção de casas, num discurso ingênuo, porque aplicar recurso específico de obras para outra coisa...

Para encerrar, como é que o Senhor acompanha o atual quadro nacional?

É uma tristeza. O que se pode esperar de uma república que se negocia o futuro dos pobres através de mensalão? Isso é altamente criminoso.

Entrevista concedida aos jornalistas: Nonato Guedes, Gonzaga Rodrigues, Agnaldo Almeida, Martinho Moreira Franco e Goreth Zenaid e publicada no Jornal O NORTE de 21 de agosto de 2005

segunda-feira, 15 de agosto de 2005

 

CONSTERNAÇÃO NACIONAL

Leiam até o fim!!!

Agora já não sei mais quem sou...


A esta altura da vida já ando tão
confuso que não mais sei quem sou!!

Vejam só:

Na ficha do médico
Cliente

No restaurante
Freguês

Quando alugo uma casa
Inquilino

Se processo alguém
Autor

Se respondo a processo
Réu

Na condução
Passageiro

Nos correios se envio carta
Remetente

Nos correios se recebo carta
Destinatário

No supermercado
Consumidor

Para a receita Federal
Contribuinte

Se vendo algo importado
Contrabandista

Se revendo algo sem nota fiscal
Muambeiro

Carnê com o prazo vencido
Inadimplente

Se não pago imposto
Sonegador

Para votar
Eleitor

Mas em comícios
Massa

Em viagens se tenho dinheiro
Turista

Em viagens se não tenho dinheiro
Clandestino

Na rua caminhando
Pedestre

Se sou atropelado
Acidentado

No hospital
Paciente

Nos jornais viro
Vitima

Se compro um livro
Le itor

Se ouço rádio
Ouvinte

Na igreja sou
Irmão, fiel, devoto


Na cidade sou
cidadão

Para o Ibope
Espectador

Para apresentador de televisão
Telespectador

No campo de futebol
Torcedor

Agora, já até virei
Galera

E,
quando morrer...
uns dirão ... Finado
outros ... Defunto
para outros . Extinto
para o povão . Presunto
para os ufólogos ... Abduzido
para os católicos fiz ... Passagem
para os espíritas serei ... DESENCARNADO
os evangélicos dirão que fui . ARREBATADO

E O PIOR DE TUDO É QUE PARA O GOVERNO DO PT...
SOU SIMPLESMENTE UM
PALHAÇO!!!!

ACORDA BRASIL...!!!

E CADÊ OS CARA-PINTADAS????



--
Abraços

Charles Holmes Jácome
http://immunotec.com/132399


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Diz Terroso: O mesmo filme; no mesmo pais; no mesmo palco, com os mesmos protagonistas e para os mesmos espectadores. Sim, porque os caras pintadas vão aparecer, desta feita para transformar o cenário e os artistas com novo texto, editado com sangue, suor e lágrimas. Pena! que muitos brasileiros inocentes não merecem isso. Não há mais em quem acreditar. O filme queimou. Aguardem!...

sexta-feira, 12 de agosto de 2005

 

Constatação de improbidade gera processo contra Cícero Lucena

Ação de improbidade (Jornal Correio da Paraiba)

A Operação Confraria rendeu, ontem, mais um capítulo. A Procuradoria Regional da República, em Recife, propôs uma ação de improbidade contra o ex-prefeito Cícero Lucena, por irregularidades identificadas na realização de várias obras públicas, em sua gestão, entre 1997 a 2004.

O mote é o mesmo: ilegalidades decorrentes da ressurreição de licitações vencidas (da Construtora Coesa, braço da OAS), superfaturamento e o desvio, segundo a CGU, de recursos da ordem de R$ 12,5 milhões. A denúncia do Ministério Público alcança as empresas Conort, Link e Cojuda.

A ação proposta pela Procuradoria, e que ainda não tem parecer da Justiça Federal, atinge também os demais integrantes da Operação Confraria que, no mês passado, tiveram suas prisões decretadas. Vale ressaltar que a ação de improbidade, pela sua peculiaridade, potencializa o foco jurídico.

Trata-se de uma ação que tem desdobramentos penais e políticos. De um lado, pode levar os envolvidos ao ressarcimento dos cofres públicos. De outro, à cassação dos direitos políticos. Claro, em caso de condenação. É ação que leva, em média dois anos, mas tem um matiz jurídico muito forte.

Percebe-se que, a cada dia, novos fatos vão surgindo no bojo da Operação Confraria. Quem imaginava que a operação seria fogo de palha, talvez deva reconsiderar as suas previsões. A disposição da Polícia Federal, Ministério Público, Justiça Federal e CGU é ir às últimas conseqüências.

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Diz Terroso

As manifestações de solidariedade dos correligionários, amigos e parentes promvidas em favor do Ex-Prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, parecem que apenas apressaram as investigações para um desfecho final. Qualquer observador alcançava que o movimento de solidariedade, tentando redirecionar o foco das investigações em curso para dar-lhe conotação de persiguição política, era precipitada e inoportuna. Se causou algum conforto imediato,o fato de se contrapor as apurações que já vinha ha longo tempo em curso, promovidas pela Polícia Federal, Ministério Públco, Judiciário Federal e CGU, foi de incomensurável insensatez. Tanto por ter lançado em suspeita essas instituições, com insinuações de se dobrarem para atender à circunstâncias políticas da atualidade nacional,colaborando para mudar o foco das investigações, no Congresso Nacional, mas,também,porque nessa briga,todos já sabiam do processo de desarmamento moral de Cícero, advindo do desgaste nas eleições recentes, que o tiraram da Prefeitura. Assim sendo, poder-se-ia dizer que esta solidariedade foi um desafio inglório e que de nada serviu. A exploração do lado bom de Cícero, que nutre carisma suficiente para obtenção de manifestações pública de solidariedade, poderia ter sido preservado como recurso para sua pretenção eleitoral a Senaddor da República que, parece cada vez mais distante de se concretizar. Visto assim,à falta de um boa orientação , suicidaram politicamente Cícero e suas esperanças.

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