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sexta-feira, 12 de julho de 2013

 

CABO BRANCO/PONTA DE SEIXAS - DESLEIXO

CABO BRANCO/PONTA DE SEIXAS - DESLEIXO
(publicado no jornal Contra Ponto de 12 a 18/07/2013, pagina A-2)
 Wilson Terroso de Sousa (Economista)

Assisti, em dias da semana passada, numa das emissoras de televisão da nossa capital, mais uma reportagem sobre as precárias condições em que se encontra a Ponta e Seixas, nosso Cabo Branco. Ha cerca de 90 dias, a imprensa noticiou que a Caixa Econômica Federal estaria com 15 milhões de reais para serem liberados com destino as sonhadas obras de proteção da falésia, mas a liberação ainda iria demorar. Um dos turistas que foi entrevistado hoje foi até certo ponto irreverente e discorreu sobre a macabra paisagem como um comprometedor descaso, apontando o desleixo das autoridades responsáveis e, até mesmo da população da cidade.

Engolimos seco, mas o problema já é bastante conhecido nosso e do conhecimento público, que há mais de trinta anos o processo de erosão se instalou na ponta do Cabo Branco, com o mar avançando e deglutindo a barreira. São os agentes naturais como correntes marinhas, ventos, ondas e chuvas que agem livremente destruindo o Cabo Branco e esta ação demolidora está atuando mais no inverno que chegou com muita intensidade, aqui no litoral. 

O acinte à nossa contemplativa paciência nos provoca a uma digressão: Durante o transcurso desses mais de trinta anos, em que apareceu este processo demolidor, as intervenções urbanas ocorridas no local, ao contrário do que deveria acontecer, só atuaram em cima do morro para praticar tudo o que não deveria a fim de conter o processo erosivo. Recordemos que tudo começou pelo o desmatamento da Mata Atlântica, suprimindo-se-lhe as raízes de sustentação do solo arenoso,  tornando-o mais permeável e mais sujeito à infiltração das águas das chuvas; que foi implantada uma malha viária de uso intenso, destinada ao tráfego de veículos leves e pesados, vibrando sobre a coroa do morro; que se construíram equipamentos pesados como o trevo do farol e o monumental complexo da Estação Ciência; que se implantaram parques de estacionamentos e de equipamentos outros da construção civil; e que tudo isto, aumentou a pressão sobre as terras mais vulneráveis, sem as amarras das raízes suprimidas e sem uma drenagem eficiente. A explicação pode não ser científica,  mas as evidências são  lógicas no quadro retratado.  É constrangedor reconhecer, mas o nosso deseducado visitante está certo. Fomos levados historicamente a cúmplices de um verdadeiro crime ecológico, por assentir com o silencio dos tímidos, a ausência das autoridades responsáveis negligenciarem as providências complementares na base do morro. Aceitamos tudo com passividade, mesmo  contemplando esta insensata agressão a natureza que contraria até  o postulado bíblico de que:  "não se deve construir em alicerce de areia ".

Voltando aos recursos que estão na Caixa Econômica, destinados as obras de contenção da barreira,  15 milhões de reais, tudo indica que provém do governo federal, conseguidos através de projeto aprovado, que levou anos de estudos de viabilidade, realizados por pessoal especializado, com elevado custo financeiro. Somos induzidos a acreditar ser a opção encontrada de solução mais adequada e conveniente, também ao meio ambiente, dentre todas as alternativas estudadas. A princípio, uma excelente conquista para nos redimir da  leniência com a omissão das autoridades , porque devemos ter em mente que o Cabo Branco é um recurso turístico natural, dado por Deus a todos nós  paraibanos,  que tornou-se  um monumento Histórico e Geográfico o qual agregou expressivo valor econômico as atividades turísticas da Paraíba.

O Cabo Branco deve ser cuidado não somente  pela exuberante beleza paisagística, mas, também, como fator indutor de formação de emprego, renda e de prestígio internacional que toca na vaidade do povo paraibano. É este o espectro que se espera na visualização do seu futuro.

No entanto, quando a CEF diz que a liberação ainda vai demorar, podem esperar que se trate de uma análise mais aprofundada, talvez, para assegurar suas preocupações com a viabilidade na aplicação dos recursos. Coisas da burocracia bancária brasileira. Vai ver que, por ser um projeto atípico, a CEF  justificará não ter pessoal especializado para fazer tal análise rapidamente e terá que contratar técnicos de fora dos seus quadros para tal. Corre o risco de levar mais tempo com procedimentos licitatórios e mais custos que certamente  correrão à conta da Prefeitura os quais, provavelmente serão subtraídos do dinheiro depositado. Isto é uma realidade palpável e facilmente previsível nas transações bancárias.

Eis aí um grave problema que desafia a movimentação dos nossos  Parlamentares municipal e estadual na direção de ajudarem o Poder Executivo agilizar o desentrave desses recursos, para logo as sonhadas obras começarem. Se deixarem o tempo correr naturalmente, vamos assistir mais avanços e desmoronamentos  comprometendo o nosso famoso marco geográfico universal, com todos os riscos decorrentes, inclusive, de perder  a sua referência de ponto mais oriental das Américas.

Recomendo leitura:
http://pedroseverinoonline.blogspot.com.br/2009/04/proposta-para-protecao-da-falesia-do.html

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