.comment-link {margin-left:.6em;}

terça-feira, 25 de agosto de 2009

 

O atraso de João Pessoa

O atraso de João Pessoa
De acordo com estudo da Firjan (Federação das Indústrias do Rio), o crescimento econômico do país em 2006 reduziu a desigualdade do grau de desenvolvimento entre os municípios do País. A média nacional de desenvolvimento das cidades brasileiras subiu 3,47% em 2006 comparado a 2005. Na pesquisa, João Pessoa aparece nas últimas colocações do raking. O Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal - IFDM usa dados de emprego, renda, educação e saúde enviados pelos municípios ao governo federal.
O atraso de João Pessoa em relação às outras capitais do Nordeste não é nenhuma novidade e não precisa nem se recorrer aos estudos estatísticos para esta constatação. Percebe-se isso claramente a olhos nus e somente quem não quer ver nega esta realidade. Basta rememorar um passado recente para sentir o quanto perdemos em relação à Natal, Recife, Maceió, Aracaju, Salvador, Fortaleza e até Teresina. Pense o que era Natal e Maceió, há poucos anos atrás. Estavam visivelmente à “anos luz” de distância em relação ao nosso desenvolvimento urbano mas,de repente, nos ultrapassaram em infra-instrutora, emprego,renda e qualidade de vida.
O mais constrangedor, porém, para acabar nossa alta-estima é se imaginar que isso ocorreu dentro das mesmas condições socioeconômicas e geográficas da região, onde estas cidades são regulamentadas por uma legislação assemelhada, para ocupação e uso do solo,utilização dos recursos naturais e mão de obra.
Portanto,não há como se desvencilhar do julgamento de que houve muita falha humana na conduta administrativa e gerencial,postas em pratica pelos nossos dirigentes,planejadores e técnicos. O quadro a que chegamos mostra o prejuízo da radicalização de procedimentos que mantiveram inflexíveis interpretação e implementação do acervo legal,principalmente no que se refere ao direito de propriedade e de proteção ambiental. É o mesmo acervo assemelhado de leis, decretos e regulamentos, que os nossos vizinhos compulsaram, encontrando formas de direciona-los para conciliar preservação e proteção do meio ambiente com desenvolvimento sustentável.Por conseguinte, desembaraçaram pontos polêmicos da legislação sem, entretanto, ferir a legislação, estimulando o progresso.
Enquanto isso, em nossa Capital se deu o contrário, aprofundaram buscas por embaraços,pinçando disposições radicais para alimentação de polêmicas, as vezes até para aparecerem como "salvadores da pátria", mas sem soluções criativas.
Agora,as conseqüências nefastas, aí estão. Os resultados acima mostram pouco para o que todo mundo sabe e ver. São erros que explicam o atraso e a estagnação do município. Devido a isso, o pior aconteceu: O Setor empresarial ficou impedido de fazer investimento, principalmente no turismo; a classe política inibiu-se e curvou-se ao mito do tema da moda rotulado de defesa da natureza, tendo fugido do papel de criar apresentar soluções alternativas; E, para apertar mais os gargalos, os ingênuos defensores da natureza, de tantos “bons propósitos” ficaram livres sem supervisão superior. Como “em terra de cego quem tem um olho é rei, tornaram-se intocáveis semideuses sem superação de suas subjetividades, adversas e propositadas, causando irreparáveis danos ao progresso da cidade. A eles podem ser debitadas inúmeras ocorrências contra o desenvolvimento sustentável da cidade, ao longo desses anos.
Não é por menos que aí estão, por exemplo, a destruição de nossa referência Geográfica universal, - o Cabo Branco,por conta de intermináveis estudos num micro ponto de praia, devido a tibieza de decisão para cumprir exigências dessa gente. Sabe-se hoje,que chegaram à óbvia conclusão, que a solução para conter o desmoronamento era se construir um muro de proteção na encosta, uma grande novidade; Some-se a isso as humilhações e perseguições sofridas por empresários, muitas vezes tratados como algozes do meio ambiente, por simplesmente serem proprietários em área verde;
Por outro lado,outros episódios apontam o mau relacionamento contrariando empreendedores do setor privado, os agentes do desenvolvimento. Basta lembrar certos acontecimentos que refletem hostilidade aos investidores, tais como se fazer tocaia para algemar e prender empresário, por haver cortado um pé de cupiúba no sopé do morro, enquanto a própria Prefeitura devastou parte da mata Atlântica em cima do Cabo Branco, no interesse da administração. Ou se impedir a realização de shows para não incomodar a população de caranguejos da praia de Jacaré.Ou se destruir, prender e processar autor de outdoor,que homenageava o centenário do empresário avô , pelo simples fato de haver limpado local de sua propriedade para expor tal homenagem. São excessos desta natureza que fazem o marketing negativo da cidade, espantam investidores,faz mais pobre a população e faz a diferença. Levado a sério,torna-se um bom tema para uma CPI. Wilson Terroso de Sousa.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

 

O ÚNICO PUNIDO FOI O JORNAL

O único punido foi um jornal *CARLOS ALBERTO DI FRANCO

O desembargador Dácio Vieira, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), proibiu o jornal "O Estado de S. Paulo" de publicar reportagens que contenham informações da Operação Boi Barrica, da Polícia Federal. A medida judicial, que pôs o jornal sob censura, foi solicitada pelo empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) - que está no epicentro da crise que fustiga o Congresso.



O desejo de Fernando Sarney foi satisfeito com a velocidade de uma corrida de Fórmula 1. O pedido entrou numa quinta-feira, no fim do dia. E na sexta-feira pela manhã a liminar havia sido concedida pelo magistrado. Ex-consultor jurídico do Senado, o desembargador Dácio Vieira, que concedeu a liminar a favor de Fernando Sarney e pôs o jornal sob censura, é do convívio social da família Sarney e do ex-diretor-geral do Senado Agaciel Maia. Sarney, o desembargador Dácio Vieira e Agaciel Maia, pivô do escândalo dos atos secretos, aparecem juntos em foto da festa do casamento de Mayanna, filha de Agaciel Maia. A fotografia foi publicada numa coluna social do "Jornal de Brasília", três dias após o casamento. Ao lado deles, compondo a foto, estava o senador Renan Calheiros (PMDB-AL).



Eis, caros leitores, os personagens que compõem um quadro de suspeição judicial clamorosa. Ademais, a liminar foi uma agressão à liberdade de imprensa, valor expressamente garantido pelo artigo 220 Constituição. O legislador sublinhou inequivocamente que "nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social".



Além de inconstitucional, a censura à imprensa está na contramão do anseio de limpidez no comportamento dos homens públicos que domina a sociedade. A experiência demonstra, mais uma vez com o episódio dos atos secretos do Senado e seus escabrosos desdobramentos, que a escassez de informação tem sido uma aliada da impunidade.



Mas não é só a família Sarney que promove o cerceamento da liberdade de imprensa. O governo Lula, aliado aberto do presidente do Senado e leniente com inúmeros casos de corrupção, manifesta notável simpatia pelo governo ditatorial da Venezuela. O recente ataque à TV Globovisión e o fechamento de 34 rádios na Venezuela receberam críticas de entidades como a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA e a Sociedade Interamericana de Imprensa e até de governantes pró-Chávez, como o paraguaio Fernando Lugo. Já o governo Lula, por meio do assessor da Presidência Marco Aurélio Garcia, defendeu Chávez: "Se acabou (a liberdade de imprensa), deve ter sido depois que eu saí. O que ouvi em programas de TV sendo dito sobre o presidente da Venezuela não está no gibi", disse Garcia, recém-chegado da "democrática" Venezuela.



Iludem-se os que imaginam que a impunidade será protegida pelo manto do silêncio. O que a opinião pública exige não é menos jornalismo, mas mais informação. O senador Pedro Simon foi certeiro ao se referir ao melancólico comportamento do senador José Sarney: "O homem da transição democrática agora cometeu um ato de ditadura. Ele perdeu seu último argumento."



O que se pretendeu com a censura ao jornal foi algemar a verdade e amordaçar os valores éticos que estão gritando nas gargantas de milhões de brasileiros decentes. Uma onda de podridão avança sobre o Senado e envergonha o Brasil. Acende-se, mais uma vez, o forno para esquentar a pizza da iniquidade. O único punido foi um jornal.



A sociedade, ao contrário do que pensam os defensores do pragmatismo aético e da governabilidade sem princípios e sem decência, pode emergir desses escândalos num patamar superior. Graças ao papel histórico da imprensa e à legítima pressão da opinião pública, o Brasil não será o mesmo. E o efeito cascata, assim espero, será irreversível. Os brasileiros darão sua resposta nas eleições de 2010.

*CARLOS ALBERTO DI FRANCO é diretor do Master em Jornalismo do Jornal O GLOBO10 de agosto de 2009 (segunda-feira)

This page is powered by Blogger. Isn't yours?