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quinta-feira, 14 de setembro de 2006

 

Ney desafia: “Eu renuncio a meu mandato se apresentarem provas”

Em depoimento ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar ontem, o senador Ney Suassuna (PMDB-PB), citado no relatório da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Sanguessugas por conduta incompatível com o decoro parlamentar, afirmou que não merece as acusações de que está sendo vítima e desafiou os parlamentares a apresentarem “provas concretas” que o incriminem. Nesse caso, garantiu que renunciaria ao mandato e à campanha pela reeleição. Suassuna registrou que tem anos de mandato parlamentar e vários diplomas universitários e disse que não se conforma com a possibilidade de um simples bandido, referindo-se ao empresário Luiz Antônio Vedoin, dono da Planam, pôr abaixo toda sua história com uma simples declaração. “Eu renuncio a meu mandato aqui e agora e também a minha campanha na Paraíba se me apresentarem outra prova, a não ser a de um bandido que uma hora falou “eu acho que ele sabia” e outra hora disse “acho que ele não sabia”. Eu não mereço tudo o que está acontecendo”, desabafou Suassuna. “Esta afirmação não é clara e não há contra mim outra acusação se não essa”, reforçou. Afirmando ser inocente, Suassuna disse que desconhece os personagens da “máfia das ambulâncias” e que nenhum deles o conhece. O senador garantiu que nunca falou pessoalmente ou por telefone com a ex-assessora do Ministério da Saúde Maria da Penha Lino ou com os empresários Darci e Luiz Antônio Vedoin, donos da empresa acusada de comandar o esquema de fraudes para a compra superfaturada de ambulâncias com utilização de emendas parlamentares ao Orçamento da União. Suassuna depôs sem a assessoria de advogado e em reunião aberta. Ele estava acompanhado por sua ex-mulher, Tânia, e pelos três filhos - Rodrigo, Diego e Fabrício. “Fiz a melhor defesa que pude. Fui extremamente claro e o mais incisivo que poderia ser”, destacou. Ney disse que está tranqüilo e espera com muita humildade a votação do relatório, que deve acontecer na próxima quarta.
Suassuna acusa seu ex-assessor Suassuna também disse que conheceu Marcelo Cardoso Carvalho ao assumir o Ministério da Integração Nacional, onde o ex-funcionário trabalhava como assessor parlamentar e, mais tarde, o contratou para seu gabinete. Suassuna alega que Marcelo Carvalho falsificou sua assinatura. Já o ex-assessor disse que o senador sabia das negociações que promovia e nega ter falsificado qualquer assinatura em pedidos de liberação de emendas do Orçamento da União. A CPI Mista dos Sanguessugas levantou informações sobre depósitos bancários no valor de R$ 21 mil na conta bancária de Marcelo Carvalho. O senador observou que só tinha elogios a Marcelo, que ele era extremamente simpático e dedicado, muito elogiado pelos prefeitos. “Nunca imaginei que isso pudesse acontecer’’, desabafou Suassuna, informando que ao saber das denúncias pela rádio CBN, em maio último, pediu à chefe de gabinete que demitisse Marcelo e o outro funcionário envolvido na denúncia. O senador Jefferson Péres (PDT-AM), relator do processo disciplinar contra Suassuna no Conselho de Ética, questionou o senador paraibano a respeito de uma assinatura em ofício de Suassuna que destinava recursos de R$ 1,6 milhão, que deveriam ser transferidos para a Paraíba, ao Instituto de Pesquisa e Promoção de Educação e Saúde, no Rio de Janeiro. Suassuna disse que abordou o assunto com seu assessor à época, Marcelo Carvalho, e que este teria atribuído o fato a um equívoco. O senador também afirmou que o ofício pode ter sido assinado por ele sem que tenha percebido, quando da assinatura de muitos papéis em seu gabinete. Apesar das explicações, Jefferson Péres quis saber o motivo pelo qual Suassuna não quis averiguar como tal ofício - um assunto considerado grave pelo relator - saiu de seu gabinete. O senador disse que outras pessoas assinaram por ele documentos oficiais, além de seu ex-assessor Marcelo Carvalho, inclusive uma assessora do quadro do Senado, sua chefe de gabinete à época, que pediu para deixar o cargo. Essa assessora, no entanto, segundo Suassuna, assinou “de boa-fé” papéis em seu nome.
Relator diz que não há indício de crime Após o depoimento do senador Ney Suassuna (PMDB-PB) no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado, ontem, o senador Jefferson Péres (PDT-AM), relator do processo disciplinar contra o parlamentar paraibano, afirmou que já tem opinião formada e poderia apresentar seu relatório imediatamente, pois, segundo ele, a oitiva de Suassuna não trouxe novidades. Péres disse que, para elaborar o relatório, consultou documentos, ouviu testemunhas e apreciou todo o comportamento de Suassuna, não apenas em relação à prática de ilícitos penais. Ele ressaltou que pode haver quebra de decoro sem que o parlamentar pratique ilícito penal. “Vamos julgar é se houve ou não quebra de decoro e não se houve ilícito penal. Não estou absolvendo o senador por todo o comportamento dele. Devo deixar claro que um parlamentar, por ações ou omissões, pode ter cometido falta de decoro, quebrado o decoro, sem necessariamente ter praticado ilícito. Não é preciso cometer ilícito penal para cometer quebra de decoro. Um senador pode quebrar o decoro, ter um comportamento indecoroso por muitas outras ações ou omissões que ele praticou”, explicou. Na opinião do relator, não há comprovação nem indício de que o senador Ney Suassuna tenha cometido o ilícito penal de recebimento de propina envolvendo venda superfaturada de ambulâncias com recursos de emendas parlamentares ao orçamento da União. “Quanto ao recebimento de propina pelo senador [Suassuna], ele não precisaria nem se defender. Não há nada no processo que comprove ou mesmo indique como indício forte que o senador tenha se beneficiado das propinas recebidas pelo seu assessor”, disse Jefferson Péres. O senador Suassuna enfrenta processo disciplinar porque seu nome foi incluído no relatório parcial da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI) dos Sanguessugas. Péres defende que, se a CPI tem provas da participação do senador, deve encaminhar o relatório ao Ministério Público e à Polícia Federal. Na opinião de Jefferson Péres, quando o senador Ney Suassuna soube que sua assinatura foi falsificada em documentos envolvendo recursos vultosos, deveria ter aberto imediatamente uma sindicância e até mesmo inquérito policial em relação ao assunto. “Cada um tem sua maneira de reagir. Não posso julgar os outros por mim. Eu teria imediatamente pedido a abertura de inquérito policial e não apenas o inquérito administrativo no Senado”, ressaltou o relator. Em relação à negativa de Suassuna quanto a ter perguntado ao presidente da CPI dos Sanguessugas, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), se ele não sabia que “90% dos parlamentares tiram uma beirada das emendas ao orçamento”, Péres disse que é inútil fazer acareação entre os parlamentares porque ambos afirmaram com determinação e iriam reiterar o que disseram. DA REDAÇÃO do Jornal da Paraíba.

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