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sexta-feira, 11 de agosto de 2006

 

Os sete parlamentares da Paraíba e o drama das renúncias

Paraibanos citados negam envolvimento e garantem provar inocência
Josival Pereira e Adriana Rodrigues
Depois do Rio de Janeiro, com 13, e São Paulo, com nove, a Paraíba é o Estado que tem o maior número de parlamentares citados na lista da CPI que investiga denúncias de existência de uma máfia que pagava propina a inclusão de emendas no Orçamento da União para a compra de ambulâncias através de licitações fraudulentas nos municípios. São sete os parlamentares da Paraíba na relação: os deputados Carlos Dunga (PTB), Enivaldo Ribeiro (PP), Ricardo Rique (PL), Wellington Roberto (PL), Benjamim Maranhão (PMDB) e Marcondes Gadelha (PSB), além do senador Ney Suassuna (PMDB).
Todos os parlamentares paraibanos citados na lista da CPI alegaram inocência. Os argumentos são os mais diversos, mas em geral eles atribuem a culpa assessores, asseguram que não conhecem o denunciante, no caso o empresário Luiz Antônio Vedoin - um dos sócios da Planam -, ou simplesmente afirmam desconhecer o esquema das ambulâncias. Todos também reclamaram que não tiveram direito de defesa durante as investigações da CPMI e prometem apresentar defesa no Conselho de Ética, que será responsável pelos processos de cassação.
Carlos Dunga (PTB)
Acusação: Vedoin disse na CPI e na Justiça Federal que pagou R$ 23 mil ao parlamentar a título de comissão pela apresentação de uma emenda no valor de R$ 1, 16 milhão. Uma assessora do parlamentar de nome Vera Lúcia teria recebido um depósito de R$ 8 mil; R$ 10 mil teriam sido pagos em espécie diretamente ao deputado no dia 28 de fevereiro de 2004 e R$ 5 mil teriam sido pagos por Darci Vedoin através de um cheque do Bradesco.
Defesa: O deputado federal Carlos Dunga (PTB) disse que vai provar que não tem nenhum envolvimento com a máfia das ambulâncias. Segundo ele, a CPMI não apurou nada porque não levou em contas as provas em contrário e seu presidente "lavou as mãos como Pilatos", porque conduziu os trabalhos sem apresentar as provas concretas contra os nomes citados. "Como presidente ele tinha a obrigação de apresentar os documentos ou provas contra os incriminados, e não manter no mesmo patamar que, como é o meu caso, sem nenhum envolvimento com a Planam ou empresa operadora dos sanguessuga", desabafou.
Enivaldo Ribeiro (PP)
Acusação: o dono da Planam disse na CPI e em depoimento à Justiça Federal que pagou R$ 48 mil ao deputado Enivaldo Ribeiro a título de comissão pela apresentação de duas emendas parlamentares que juntas somam R$ 1, 1232 milhão. Dois pagamentos de R$ 10 mil teriam sido feitos depositados diretamente na conta de Enivaldo e três outros pagamentos - dois de R$ 10 mil e um de R$ 8 mil - teriam sido depositados na conta de Divaldo Martins Júnior, assessor do parlamentar. O relatório da CPI também divulgou degravação de uma conversa telefônica de Enivaldo com Ronildo Pereira Medeiros - um outro sócio da Planam, na qual o parlamentar paraibano cobra um pagamento.
Defesa: O deputado federal Enivaldo Ribeiro (PP) classificou a CPI como um palanque eleitoral para os deputados que não têm votos em seus Estados e querem se reeleger através de um resultado maquiado da CPI. Segundo ele uma CPI que ocorre sem dá o direito do parlamentar se defender é uma piada, cujo relatório vai ser desmontado assim que for levado para outras instâncias. "Estou absolutamente tranqüilo, porque não cometi nenhuma irregularidade. A Paraíba toda me conhece, são 32 anos de vida pública. No momento certo vou provar minha inocência", declarou.
Wellington Roberto (PL)
Acusação: O relatório da CPI transcreve trechos de depoimentos do empresário Luiz Antônio Vedoin garantindo que pagou comissão ao deputado Wellington Roberto, através de Marcelo Cardoso de Carvalho, que, apesar de ser lotado no gabinete do senador Ney Suassuna, teria articulado e apresentado às emendas parlamentares do presidente estadual do PL. Fala de uma emenda de R$ 800 mil em favor do município de São Bento. A comissão paga foi de R$ 9,5 mil, no dia 14 de novembro de 2005. O relatório também apresenta trechos de gravações telefônicas de Marcelo negociando em nome de Wellington Roberto.
Defesa: O deputado federal Wellington Roberto (PL) considerou o relatório da CPMI bastante precipitado. Segundo ele, por questões de tempo, não teve a condição de analisar o caso com mais profundidade, para deixar de fora, os parlamentares, que como ele, não tem envolvimento com a máfia das sanguessugas. "Não houve tempo para separa os culpados dos não culpados. Mas, Não há nada que me incrimine. Estou tranqüilo, mas vou me defender perante a Comissão de ética e alguém vai ter que pagar pelos prejuízos que estou tendo perante a opinião pública", afirmou.
Benjamim Maranhão (PMDB)
Acusação: Consta do relatório da CPI que o empresário Luiz Antônio Vedoin afirmou que pagou comissão de R$ 40 mil ao deputado Benjamim Maranhão, sendo que dois pagamentos teriam sido entregues em mãos e um outro depositado numa conta em nome de uma pessoa que ele não soube identificar. Os valores das emendas apresentadas pelo parlamentar peemedebista em favor do esquema somariam R$ 850 mil. Vedoin revelou ainda que teria pago, no ano de 2004, a importância de R$ 13 mil, em Cuiabá, a uma pessoa que se apresentou como secretário de Saúde de Araruna.
Defesa: O deputado federal Benjamim Maranhão (PMDB) acusou os componentes da CPI de irresponsáveis por não saberem distinguir o que é certo do que é errado. "Os integrantes da CPI não separaram os inocentes dos culpados. Essa CPI foi uma vitrine. O relator é candidato e quer se eleger usando esse fato", comentou. Ele revelou que ficou "triste" com a inclusão de seu nome no relatório parcial que sugere a abertura de processo de cassação do mandato, mas que não teme nada, porque é inocente e vai disputar à reeleição. "Essa investigação existe há dois anos e meio e nunca foi encontrado nada que me incriminasse. Esse criminoso (Luiz Vedoin, dono da Planam) utilizou-se da delação premiada para jogar lama em mim", desabafou.
Marcondes Gadelha (PSB)
Acusação: Vedoin disse, em depoimento à CPI, que teria pago em mãos a uma assessor do deputado Marcondes Gadelha, de nome Paulo, a importância de R$ 25 mil, referente a uma comissão pela compra de ambulâncias para a Prefeitura de Sousa, citando que o prefeito seria primo ou irmão do deputado. E emenda no valor de R$ 270 mil foi apresentada pelo deputado Inaldo Leitão, mas, segundo Vedoin, fez a licitação para aquisição de três veículos por "já estar trabalhando junto com esse parlamentar", referindo-se a Marcondes. Um suposto assessor de nome Francisco Azevedo teria recebido dois pagamentos - um de R$ 7 mil e outro de R$ 3 mil.
Defesa: O deputado federal Marcondes Gadelha (PSB) criticou a falta de defesa no âmbito da CPI das Sanguessugas e afirmou que vai recorrer até a última instância para provar que não praticou nenhum ato ilícito e para recuperar sua imagem denegrida perante a opinião pública. "Perdi 14 dias de campanha fazendo uma defesa que sequer foi lida.Vou ao STF, à OAB, ao Congresso, onde quer que seja para provar que não fiz nada ilícito", desabafou o parlamentar, ressaltando que a ausência da defesa dos deputados acusados no âmbito da CPI será devidamente questionada.
Ney Suassuna (PMDB)
Acusação: O relatório da CPI transcreve trechos de depoimentos de Darci Luiz Antônio Vedoin, além de Ronildo Medeiros, sócios da Planam, afirmando que negociaram emendas com Marcelo Carvalho, assessor de Ney, que representaria o senador no esquema. Vedoin garante que pagou R4 222.500, 00 a Marcelo pela apresentação de emendas ou liberação de verbas extra-orçamentária que somariam R$ 3,6 milhões. O relatório transcreve ainda trechos de gravações telefônicas onde os sócios da Planam falam com Marcelo ou com a ex-funcionário do Ministério da Saúde, Maria da Penha, sobre a liberação de emendas em nome do senador Ney Suassuna.
Defesa: O senador Ney Suassuna apresentou sua defesa na véspera da apresentação do relatório. Ele disse que, após examinar todos os depoimentos, constatou que não há nenhuma acusação direta a ele. Todos os depoimentos envolvem seu ex-assessor Marcelo Carvalho, que já foi demitido de seu gabinete. Sustentou que sua assinatura foi falsificada para a apresentação de algumas emendas. Ney também se queixou por não ter tido oportunidade de se defender. Disse ontem que vai provar sua inocência e garantiu e assegurou que vai disputar a eleição de senador na Paraíba com a cabeça erguida.
Ricardo Rique (PL)
Acusação: Os empresários Luiz e Antônio Darci Vendoin garantiram em depoimentos à CPI e à Justiça Federal que pagaram propina de R$ 37 mil a Rique por emendas parlamentares que somaram R 2,18 milhões. Algumas emendas foram apresentadas em favor da Fundação Fé, Esperança e Caridade, ligada à ex-esposa do parlamentar. Os pagamentos foram entregues á Danielle Surrage Pires, Luzimar Dias Correa, Erinaldo Mangueira de Souza, Tereza Norma Rolim Félix e Lázaro Martins Filho, que seriam assessores do parlamentar. Danielle garantiu à CPI que pagou contas pessoais de Ricardo Rique.
Defesa: O deputado Ricardo Rique, segundo notícia publicada no portal WScom, se defendeu acusando o deputado Armando Abílio de recebido o dinheiro das comissões pagas pela Planam. Ricardo Rique teria tido à CPI que nunca foi titular do mandato e que, no caso do dinheiro repasse feito pelo empresário Luiz Vedoin, nunca obteve dividendos e que os valores sido repassados a Armando Abílio, que estava licenciado, assumindo a Secretaria de Desenvolvimento Social do Estado. Rique disse que há dias não dorme direito porque tem sido acusado de receber dinheiro da Operação Sanguessuga, mas que os valores nunca foram obtidos para sua conta. Os depoimentos de Luiz Antônio Vedoin, no entanto, mostram que parte dos recursos teriam sido destinados à Fundação Fé, Caridade e Esperança, ligada à ex-mulher de Ricardo Rique. (coluna polírica do Correio da Paraíba)
Passo seguinte: 12/08/2006
Simon pede saída de Ney da liderança do PMDB
O senador Pedro Simon (PMDB-RS) fez carga em duas oportunidades ontem contra o senador Ney Suassuna, incluído lista dos 72 parlamentares que a CPI dos Sanguessugas considere ter encontro indícios de envolvimento no esquema das ambulâncias. Pela manhã, Simon que Suassuna se afaste da liderança do PMDB no Senado. Se não o fizer, Simon promete iniciar um movimento na bancada para destituir Suassuna do cargo. No final da tarde, o parlamentar gaúcho cobrar que o paraibano deixe o Conselho de Ética do Senado. "Obrigação é ele sair. Se o fizer por conta própria ótimo. Receberá o respeito de todos nós. Se não fizer nós vamos pedir a saída dele", afirmou Simon.
Segundo Simon, a saída de Suassuna da liderança do PMDB e do Conselho de Ética não será interpretada como confissão de culpa, mas apenas um gesto para preservar o partido e o Senado e para que ele mesmo possa se defender. Se não deixar a liderança por vontade própria, Simon disse que vai recolher assinaturas para que Ney Suassuna seja destituído do cargo.
Ele também promete fazer um discurso da tribuna do plenário pedindo para que o senador se afaste. "Espero não ter que chegar a esse ponto", disse.
Os discursos do senador Pedro Simon são temidos no meio político. Ele já conseguiu derrubar dois ministros do governo Fernando Henrique Cardoso apenas com pronunciamentos do plenário - Clovis Carvalho (Casa Civil) e Mendonça de Barros (Comunicações) - não resistiram às palavras de Simon e pediram demissão.
Em Relação ao Conselho de Ética do Senado, dois dos senadores citados o integram: a senadora Serys Slhessarenko, do PT, era do Conselho de Ética. Se afastou hoje do cargo. O senador Ney Suassuna, do PMDB, ainda está entre os conselheiros da ética e também é líder do partido.
O senador Ney Suassuna ainda não se manifestou sobre o movimento para afastá-lo da liderança do PMDB nem sobre sua presença no Conselho de Ética, já que se encontra participando de reuniões e atividades de campanha na Paraíba.
No espaço vazio
Uma coisa é certa: a perplexidade que acometeu as forças de oposição, nas últimas semanas, em função do escândalo dos sanguessugas, deixou pista livre para os governistas avançarem, eis a verdade.
Enquanto os candidatos de oposição se mostram atônitos com o furacão que vem de Brasília, os governistas trafegam em céu de brigadeiro, praticamente sem encontrar resistências nas trincheiras rivais.
No instante que a oposição recuou, envergonhada ou intimidada, os governistas avançaram ocupando os espaços, sem qualquer pudor. É assim que funciona. Na política, não existem espaços vazios.
É visível o estímulo renovado do governador Cássio e do ex-prefeito Cícero Lucena, ante a evidente letargia adversária. Os governistas alargaram seus passos na disputa eleitoral, e num instante crucial.
Afinal, estamos a poucos dias do início do guia eleitoral que, a julgar pelas últimas eleições, poderá ser o fator determinante do desfecho eleitoral. Neste momento, os governistas estão em melhor forma.
A oposição se encontra, hoje, numa situação bem semelhante àquela de um ano, quando estourou o escândalo da Operação Confraria, que atingiu o ex-prefeito Cícero, e engessou todo discurso governista.
Os governistas tiveram um ano para reparar os estragos. E conseguiram algum sucesso. Os desdobramentos da Operação Confraria ocorrem em segredo de Justiça, e o assunto ficou em fogo brando.
Resta saber se a oposição terá tempo, competência e a mesma disposição pra reagir e enfrentar a tormenta. Os governistas não resolveram o problema de Cícero, mas conseguiram por a febre sob controle.
Resumo da ópera: se a oposição não der um choque na passividade dos últimos dias, poderá perder a condição de favoritismo que vinha experimentando nas últimas pesquisas e agravar seu quadro clínico. (da Coluna de Helder Moura do Correio da Paraíba).

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