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quinta-feira, 29 de setembro de 2005

 

Governo "investiu" mais de R$ 1,5 bi em Aldo

Para garantir a eleição do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) para a presidência da Câmara pela apertada margem de 258 a 243 votos em segundo turno, o governo jogou pesado. Mobilizou pelo menos quatro ministros para o corpo a corpo no Congresso e prometeu a partidos como PL, PP e PTB a liberação de mais de R$ 1,5 bilhão em verbas. Também prometeu cargos de segundo e terceiro escalões, especialmente para o PTB do ex-deputado Roberto Jefferson, cassado após aprofundar a crise política com denúncias de "mensalão".

No dia anterior à eleição de ontem, o Planalto, mediante intervenção direta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, já tinha prometido liberar R$ 680 milhões de um total de R$ 1 bilhão para o Ministério dos Transportes, capitaneado por Alfredo Nascimento, do PL, em troca de apoio à candidatura de Rebelo. No mesmo dia, já tinha acertado junto ao PTB a devolução dos cargos perdidos pela sigla após as acusações de Jefferson.

Mais que isso, o ministro do Turismo, o petebista Walfrido Mares Guia, garantiu, horas antes do pleito, que o governo federal irá liberar R$ 335 milhões de um orçamento de aproximadamente R$ 500 milhões para a pasta, de acordo com o jornal O Estado de S.Paulo. Na semana anterior às eleições, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, anunciou que injetaria mais R$ 500 milhões em emendas de bancadas.

O Palácio do Planalto também buscou votos entre os parmentares do PP, partido do ex-presidente da Casa Severino Cavalcanti (PE), que renuniciou ao mandato para escapar da cassação por cobrança de propina. Foi usada a mesma estratégia de oferta de cargos e recursos em relação a PL e PTB: o Ministério das Cidades, comandado por Márcio Fortes (da cota do PP), deverá ter os cargos de segundo escalão ocupados por nomes escolhidos pelo partido de Severino. Atualmente, descontando Fortes, a pasta é ocupada predominantemente por petistas.

Durante as negociações com o PP, quando já tinha garantido presença no segundo turno, Aldo chegou a ligar para o ex-presidente Severino Cavalcanti em busca de apoio. Com emendas garantidas para sua base eleitoral (o ex-deputado tentará voltar â Câmara em 2006), Severino, que ainda exerce forte influência em seu partido, deu o sinal verde para a sigla votar no candidato governista.

Ministros
A mobilização do governo para garantir a presidência da Câmara também incluiu as participações dos ministros de PP, PL e PTB - partidos fundamentais para a vitória de Rebelo. Orientados pelo coordenador político de Lula, Jaques Wagner, Walfrido Mares Guia (PTB - Turismo), Alfredo Nascimento (PL - Transportes) e Márcio Fortes (PP - Cidades) foram encaminhar as promessas às suas bases.

No caso do PTB, a intervenção de Mares Guia foi fundamental para emplacar a barganha. Ao final do primeiro turno, o candidato Luiz Antônio Fleury Filho (SP) constatou que não tinha recebido os votos de todos os parlamentares de sua bancada e ameaçou abandonar a sigla. Então o titular do Turismo interveio, acenando com R$ 50 milhões em emendas e ameaçando deixar o cargo caso fosse "traído". Após momentos de tensão, os deputados petebistas fecharam apoio a Rebelo, levando os governistas a comemorarem, antecipadamente, a viória nas eleições de ontem.
Aldo diz que quer ´pacificar´ a Câmara dos Deputados

Pacificar a Câmara dos Deputados

Restabelecer o ambiente de diálogo, negociar e pacificar a Câmara dos Deputados. Esse é o objetivo do novo presidente da Casa, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), após o conturbado comando de seu antecessor, Severino Cavalcanti (PP-PE). "Essa será a prioridade, para que assuntos polêmicos possam ser debatidos e discutidos, mas ao mesmo tempo resolvidos", disse, em entrevista à Globo News.

Questionado sobre se defenderá a matéria polêmica apoiada por parte do seu partido, a redução de 5% para 2% da cláusula de barreira para partidos que disputarem a eleição do ano que vem, Aldo foi enfático: "Sou presidente de 513 deputados. Não sou presidente de um partido ou de uma facção. Qualquer matéria polêmica será submetida a votação de acordo com a vontade da maioria". O primeiro desafio que Aldo Rebelo enfrentará será votar urgentemente a minirreforma eleitoral, cujo prazo se esgota nesta sexta-feira. "Vou concentrar o primeiro esforço nesse desafio", salientou.

Outro embate importante será a votação dos processos de cassação de 16 deputados acusados de envolvimento com a corrupção. Em entrevista ao Jornal da Globo, o novo presidente da Câmara disse que não vê problemas em presidir as sessões para votar os processos de cassação, entre eles o de José Dirceu (PT-SP). Aldo foi testemunha de defesa de Dirceu no Conselho de Ética. "Não vejo problema (em presidir julgamento) porque presidirei com a mesma isenção que os (processos) dos demais deputados", afirmou. Os processos, segundo ele, não serão conduzidos nem tão lentamente, para não parecer "procrastinação", nem tão rápido "que pareça julgamento sumário". "O julgamento deve obedecer o ritmo determinado pelo regimento interno, amparado na Constituição e nas leis do País", salientou.

Adriana Cardoso do Jornal Estado de São Paulo

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